sexta-feira, 4 de junho de 2010

"Dossiê" é a bomba do Riocentro que explodiu no colo de Serra ou: O livro que aloprou o Serra.

Nota publicada no Conversa Afiada:
O Conversa Afiada recebeu de amigo navegante mineiro o texto que serve de introdução ao livro “Os porões da privataria” de Amaury Ribeiro Jr., que será lançado logo depois da Copa, em capítulos, na internet. Vai desembarcar na eleição.

É um trabalho de dez anos de Amaury Ribeiro Jr, que começou quando ele era do Globo e se aprofundou com uma reportagem na IstoÉ sobre a CPI do Banestado.

Não são documentos obtidos com espionagem – como quer fazer crer o PiG (*), na feroz defesa de Serra.

É o resultado de um trabalho minucioso, em cima de documentos oficiais e de fé pública.

Um dos documentos Amaury Ribeiro obteve depois de a Justiça lhe conceder “exceção da verdade”, num processo que Ricardo Sergio de Oliveira move contra ele. E perdeu.

O processo onde se encontram muitos documentos foi emcaminhado à Justiça pelo notável tucano Antero Paes e Barros e pelo relator da CPI do Banestado, o petista José Mentor.

Amaury mostra, pela primeira vez, a prova concreta de como, quanto e onde Ricardo Sergio recebeu pela privatização.

Num outro documento, aparece o ex-sócio de Serra e primo de Serra, Gregório Marin Preciado no ato de pagar mais de US$ 10 milhões a uma empresa de Ricardo Sergio.

As relações entre o genro de Serra e o banqueiro Daniel Dantas estão esmiuçadas de forma exaustiva nos documentos a que Amaury teve acesso. O escritório de lavagem de dinheiro Citco Building, nas Ilhas Virgens britânicas, um paraíso fiscal, abrigava a conta de todo o alto tucanato que participou da privataria.

Não foi a Dilma quem falou da empresa da filha do Serra com a irmã do Dantas. Foi o Conversa Afiada.

Que dedica a essa assunto – Serra com Dantas – uma especial atenção.

Leia a introdução ao livro que aloprou o Serra:

Os porões da privataria

Quem recebeu e quem pagou propina. Quem enriqueceu na função pública. Quem usou o poder para jogar dinheiro público na ciranda da privataria. Quem obteve perdões escandalosos de bancos públicos. Quem assistiu os parentes movimentarem milhões em paraísos fiscais. Um livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que trabalhou nas mais importantes redações do país, tornando-se um especialista na investigação de crimes de lavagem do dinheiro, vai descrever os porões da privatização da era FHC. Seus personagens pensaram ou pilotaram o processo de venda das empresas estatais. Ou se aproveitaram do processo. Ribeiro Jr. promete mostrar, além disso, como ter parentes ou amigos no alto tucanato ajudou a construir fortunas. Entre as figuras de destaque da narrativa estão o ex-tesoureiro de campanhas de José Serra e Fernando Henrique Cardoso, Ricardo Sérgio de Oliveira, o próprio Serra e três dos seus parentes: a filha Verônica Serra, o genro Alexandre Bourgeois e o primo Gregório Marin Preciado. Todos eles, afirma, tem o que explicar ao Brasil.

Ribeiro Jr. vai detalhar, por exemplo, as ligações perigosas de José Serra com seu clã. A começar por seu primo Gregório Marín Preciado, casado com a prima do ex-governador Vicência Talan Marín. Além de primos, os dois foram sócios. O “Espanhol”, como (Marin) é conhecido, precisa explicar onde obteve US$ 3,2 milhões para depositar em contas de uma empresa vinculada a Ricardo Sérgio de Oliveira, homem-forte do Banco do Brasil durante as privatizações dos anos 1990. E continuará relatando como funcionam as empresas offshores semeadas em paraísos fiscais do Caribe pela filha – e sócia — do ex-governador, Verônica Serra e por seu genro, Alexandre Bourgeois. Como os dois tiram vantagem das suas operações, como seu dinheiro ingressa no Brasil …

Atrás da máxima “Siga o dinheiro!”, Ribeiro Jr perseguiu o caminho de ida e volta dos valores movimentados por políticos e empresários entre o Brasil e os paraísos fiscais do Caribe, mais especificamente as Ilhas Virgens Britânicas, descoberta por Cristóvão Colombo em 1493 e por muitos brasileiros espertos depois disso. Nestas ilhas, uma empresa equivale a uma caixa postal, as contas bancárias ocultam o nome do titular e a população de pessoas jurídicas é maior do que a de pessoas de carne e osso. Não é por acaso que todo dinheiro de origem suspeita busca refúgio nos paraísos fiscais, onde também são purificados os recursos do narcotráfico, do contrabando, do tráfico de mulheres, do terrorismo e da corrupção.

A trajetória do empresário Gregório Marin Preciado, ex-sócio, doador de campanha e primo do candidato do PSDB à Presidência da República mescla uma atuação no Brasil e no exterior.

Ex-integrante do conselho de administração do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), então o banco público paulista – nomeado quando Serra era secretário de planejamento do governo estadual, Preciado obteve uma redução de sua dívida no Banco do Brasil de R$ 448 milhões (1) para irrisórios R$ 4,1 milhões. Na época, Ricardo Sérgio de Oliveira era diretor da área internacional do BB e o todo-poderoso articulador das privatizações sob FHC.

(Ricardo Sergio é aquele do “estamos no limite da irresponsabilidade. Se der m… “, o momento Péricles de Atenas do Governo do Farol – PHA)

Ricardo Sérgio também ajudaria o primo de Serra, representante da Iberdrola, da Espanha, a montar o consórcio Guaraniana. Sob influência do ex-tesoureiro de Serra e de FHC, mesmo sendo Preciado devedor milionário e relapso do BB, o banco também se juntaria ao Guaraniana para disputar e ganhar o leilão de três estatais do setor elétrico (2).

O que é mais inexplicável, segundo o autor, é que o primo de Serra, imerso em dívidas, tenha depositado US$ 3,2 milhões no exterior através da chamada conta Beacon Hill, no banco JP Morgan Chase, em Nova York. É o que revelam documentos inéditos obtidos dos registros da própria Beacon Hill em poder de Ribeiro Jr. E mais importante ainda é que a bolada tenha beneficiado a Franton Interprises. Coincidentemente, a mesma empresa que recebeu depósitos do ex-tesoureiro de Serra e de FHC, Ricardo Sérgio de Oliveira, de seu sócio Ronaldo de Souza e da empresa de ambos, a Consultatun. A Franton, segundo Ribeiro, pertence a Ricardo Sérgio.

A documentação da Beacon Hill levantada pelo repórter investigativo radiografa uma notável movimentação bancária nos Estados Unidos realizada pelo primo supostamente arruinado do ex-governador. Os comprovantes detalham que a dinheirama depositada pelo parente do candidato tucano à Presidência na Franton oscila de US$ 17 mil (3 de outubro de 2001) até US$ 375 mil (10 de outubro de 2002). Os lançamentos presentes na base de dados da Beacon Hill se referem a três anos. E indicam que Preciado lidou com enormes somas em dois anos eleitorais – 1998 e 2002 – e em outro pré-eleitoral – 2001. Seu período mais prolífico foi 2002, quando o primo disputou a presidência contra Lula. A soma depositada bateu em US$ 1,5 milhão.

O maior depósito do endividado primo de Serra na Beacon Hill, porém, ocorreu em 25 de setembro de 2001. Foi quando destinou à offshore Rigler o montante de US$ 404 mil. A Rigler, aberta no Uruguai, outro paraíso fiscal, pertenceria ao doleiro carioca Dario Messer, figurinha fácil desse universo de transações subterrâneas. Na operação Sexta-Feira 13, da Polícia Federal, desfechada no ano passado, o Ministério Público Federal apontou Messer como um dos autores do ilusionismo financeiro que movimentou, através de contas no exterior, US$ 20 milhões derivados de fraudes praticadas por três empresários em licitações do Ministério da Saúde.

O esquema Beacon Hill enredou vários famosos, entre eles o banqueiro Daniel Dantas. Investigada no Brasil e nos Estados Unidos, a Beacon Hill foi condenada pela justiça norte-americana, em 2004, por operar contra a lei.

Percorrendo os caminhos e descaminhos dos milhões extraídos do país para passear nos paraísos fiscais, Ribeiro Jr. constatou a prodigalidade com que o círculo mais íntimo dos cardeais tucanos abre empresas nestes édens financeiros sob as palmeiras e o sol do Caribe. Foi assim com Verônica Serra. Sócia do pai na ACP Análise da Conjuntura, firma que funcionava em São Paulo em imóvel de Gregório Preciado, Verônica começou instalando, na Flórida, a empresa Decidir.com.br, em sociedade com Verônica Dantas, irmã e sócia do banqueiro Daniel Dantas, que arrematou várias empresas nos leilões de privatização realizados na era FHC.

Financiada pelo banco Opportunity, de Dantas, a empresa possui capital de US$ 5 milhões. Logo se transfere com o nome Decidir International Limited para o escritório do Ctco Building, em Road Town, ilha de Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas. A Decidir do Caribe consegue trazer todo o ervanário para o Brasil ao comprar R$ 10 milhões em ações da Decidir do Brasil.com.br, que funciona no escritório da própria Verônica Serra, vice-presidente da empresa. Como se percebe, todas as empresas tem o mesmo nome. É o que Ribeiro Jr. apelida de “empresas-camaleão”. No jogo de gato e rato com quem estiver interessado em saber, de fato, o que as empresas representam e praticam é preciso apagar as pegadas. É uma das dissimulações mais corriqueiras detectada na investigação.

Não é outro o estratagema seguido pelo marido de Verônica, o empresário Alexandre Bourgeois. O genro de Serra abre a Iconexa Inc no mesmo escritório do Ctco Building, nas Ilhas Virgens Britânicas, que interna dinheiro no Brasil ao investir R$ 7,5 milhões em ações da Superbird. com.br que depois muda de nome para Iconexa S.A…Cria também a Vex capital no Ctco Building, enquanto Verônica passa a movimentar a Oltec Management no mesmo paraíso fiscal. “São empresas-ônibus”, na expressão de Ribeiro Jr., ou seja, levam dinheiro de um lado para o outro.

De modo geral, as offshores cumprem o papel de justificar perante o Banco Central e à Receita Federal a entrada de capital estrangeiro por meio da aquisição de cotas de outras empresas, geralmente de capital fechado, abertas no país. Muitas vezes, as offshores compram ações de empresas brasileiras em operações casadas na Bolsa de Valores. São frequentemente operações simuladas tendo como finalidade única internar dinheiro nas quais os procuradores dessas offshores acabam comprando ações de suas próprias empresas… Em outras ocasiões, a entrada de capital acontecia através de sucessivos aumentos de capital da empresa brasileira pela sócia cotista no Caribe, maneira de obter do BC a autorização de aporte do capital no Brasil. Um emprego alternativo das offshores é usá-las para adquirir imóveis no país.

Depois de manusear centenas de documentos, Ribeiro Jr. observa que Ricardo Sérgio, o pivô das privatizações — que articulou os consórcios usando o dinheiro do BB e do fundo de previdência dos funcionários do banco, a Previ, “no limite da irresponsabilidade” conforme foi gravado no famoso “Grampo do BNDES” — foi o pioneiro nas aventuras caribenhas entre o alto tucanato. Abriu a trilha rumo às offshores e as contas sigilosas da América Central ainda nos anos 1980. Fundou a offshore Andover, que depositaria dinheiro na Westchester, em São Paulo, que também lhe pertenceria…

Ribeiro Jr. promete outras revelações. Uma delas diz respeito a um dos maiores empresários brasileiros, suspeito de pagar propina durante o leilão das estatais, o que sempre desmentiu. Agora, porém, existe evidência, também obtida na conta Beacon Hill, do pagamento da US$ 410 mil por parte da empresa offshore Infinity Trading, pertencente ao empresário, à Franton Interprises, ligada a Ricardo Sérgio.

(1)A dívida de Preciado com o Banco do Brasil foi estimada em US$ 140 milhões, segundo declarou o próprio devedor. Esta quantia foi convertida em reais tendo-se como base a cotação cambial do período de aproximadamente R$ 3,2 por um dólar.

(2)As empresas arrematadas foram a Coelba, da Bahia, a Cosern, do Rio Grande do Norte, e a Celpe, de Pernambuco.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Carta de Sílvio Tendler ao governo israelense

“Srs. que me envergonham:

Judeu identificado com as melhores tradições humanistas de nossa cultura, sinto-me profundamente envergonhado com o que sucessivos governos israelenses vêm fazendo com a paz no Oriente Médio.

As iniciativas contra a paz tomadas pelo governo de Israel vêm tornando cotidianamente a sobrevivência em Israel e na Palestina, cada vez mais insuportável.

Já faz tempo que sinto vergonha das ocupações indecentes praticadas por colonos judeus em território palestino. Que dizer agora do bombardeio do navio com bandeira Turca que leva alimentos para nossos irmãos.

Vergonha, três vezes vergonha!

Proponho que Simon Peres devolva seu prêmio Nobel da Paz, e peça desculpas por tê-lo aceito mesmo depois de ter armado a África do Sul do Apartheid.

Considero o atual governo de Israel e todos seus membros, sem exceção, merecedores por consenso universal do Prêmio Jim Jones por estarem conduzindo todo um país para o suicídio coletivo.

A continuar com essa política genocida nem os bons sobreviverão; e Israel perecerá sob o desprezo de todo o mundo..

O Sr. Lieberman, que trouxe da sua Moldávia natal vasta experiência com pogroms, está firmemente empenhado em aplicá-la contra nossos irmãos palestinos. Este merece só para ele um tribunal de Nuremberg.

Digo tudo isso porque um judeu humanista não pode assistir calado e indiferente ao que está acontecendo no Oriente Médio. Precisamos de força e coragem para, unidos aos bons, lutar pela convivência fraterna entre dois povos irmãos.

Abaixo o fascismo!

Paz já!

Silvio Tendler
Cineasta

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Palpite togado de um golpe improvável

O que significam as palavras da vice-procuradora da República, Sandra Cureau, afirmando que, devido à quantidade de irregularidades, "a candidatura Dilma Rousseff caminha para ter problema já no registro e, se eleita, já na diplomação”?

Gilson Caroni Filho

A temperatura da disputa política, agitada com os recentes programas partidários, traz ao primeiro plano uma movimentação que, dependendo dos desdobramentos, pode ser ridícula ou inquietante: a nova direita, tal como a antiga, parece o homem que, acordado, age como se dormisse, transformando em atos os fragmentos de um longo e agitado sonho no qual ele ainda é o principal ator, com poderes para interromper qualquer possibilidade de avanço institucional.

O sonho-delírio do bloco neoudenista insiste em não aceitar a disputa democrática, reitera a disposição em deixar irresolvidos conflitos fundamentais, antecipando o fracasso de qualquer debate político. Seu ordenamento legal não se propõe a garantir o mesmo direito a todos, ampliando o Judiciário e racionalizando as leis. Deseja uma democracia que só existe no papel, com instituições meramente ornamentais que dão um tom barroco às estruturas de mando.

Inconformada com a derrota que se anuncia em pesquisas de intenção de voto, a classe dominante se esmera em repetir ações que um dia lograram êxito. Tornam-se cada vez mais frequentes as ações combinadas de articulistas de direita e membros do Judiciário. Acreditando que a história permite repetições grotescas, multiplicam-se editoriais, artigos, entrevistas com vice-procuradoras e ministros do TSE que acreditam estar criando condições superestruturais para um golpe contra a candidatura de Dilma Rousseff. Se ainda podemos encontrar pouquíssimos comentários políticos de diferentes matizes, é inegável a homogeneidade discursiva dos “especialistas” em jornalismo panfletário. E eles se repetem à exaustão.

No entanto, o erro de cálculo pode ser surpreendente. Confundir desejo com realidade tem um preço alto quando se pensa em estratégia política. Ao contrário de 1964, não faltam às forças do bloco democrático-popular, o único capaz de impedir de retrocessos, organização e direção. Os movimentos sociais, e esse não é um pequeno detalhe, não mais se organizam a partir do Estado, como meros copartícipes de governos fracos e ambíguos. Estruturados no vigor das bases, acumulando massa crítica desde o regime militar, os segmentos organizados contam, hoje, com experiências suficientemente amadurecidas para deslegitimar ações e intenções golpistas junto a expressivos setores da opinião pública.

Rompendo as alternativas colocadas pelas elites patrimonialistas que apoiam José Serra, as forças progressistas dispõem de plataforma política para não permitir que a democracia brasileira venha a submergir no pseudolegalismo que se afigura em redações e tribunais.

Nesse sentido, o que significam as palavras da vice-procuradora da República, Sandra Cureau, afirmando que, devido à quantidade de irregularidades, "a candidatura Dilma Rousseff caminha para ter problema já no registro e, se eleita, já na diplomação”? Nada mais que identidade doutrinário-ideológica com o que há de mais reacionário no espectro político brasileiro. Inexiste no palpite da doutora Sandra um pensamento jurídico que se comprometa com os anseios democráticos da sociedade brasileira.

Nem que fosse por mera hipótese exploratória, seria interessante que o Judiciário se pronunciasse sobre o conteúdo da informação televisiva, em especial a que é produzida pela TV Globo. Quando uma emissora monopolística, operando por meio de concessão pública, editorializa seu noticiário e direciona a cobertura para favorecer o candidato do PSDB, o que podemos vislumbrar? Desrespeito a uma obrigação constitucional? Abuso de poder político e econômico? Ou um exemplar exercício de “liberdade de imprensa”?

São questões candentes quando, antes de qualquer coisa, o custo da judicialização da vida pública partidariza algumas magistraturas. Sem se deixar intimidar com as pressões togadas, a democracia só avança através de pactos que permitam abrir a sociedade às reivindicações e participação social de setores recém-incluídos. A candidatura de Dilma Rousseff expressa essa possibilidade. Do lado oposto, sob pareceres e editoriais que se confundem tanto no estilo quanto no conteúdo, reside a quimera de um golpismo cada vez menos provável.

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

domingo, 30 de maio de 2010

Polícia Federal recebe acusação contra senador Efraim Morais

Parlamentar do DEM-PB é suspeito de contratar funcionários fantasmas.

Irmãs recebiam R$ 100, mas folha do parlamentar aponta R$ 3,8 mil.

O senador Efraim Morais (DEM-PB) foi denunciado à Polícia Federal por suspeita de contratação de funcionários fantasmas. A acusação, feitas por duas jovens de Brasília, também já chegou à Presidência do Senado. O senador não quis conversar com a reportagem do Jornal Nacional sobre o assunto.

A denúncia foi feita pelas irmãs Kelriany e Kelly Nascimento da Silva. Ambas não tinham emprego fixo, mas recebiam o que acreditavam ser uma bolsa de estudos de R$ 100 que duas amigas teriam conseguido junto à Universidade de Brasília (UnB). Para isso, elas assinaram procurações que iriam para a universidade.

“Ela pediu nossos documentos, autorização para abrir conta no banco e depois ela falou que ia passar o número da conta e o cartão para gente, para podermos estar recebendo esse auxílio. Aí o tempo foi passando, e elas traziam pra gente até em casa a quantia” contou Kelriany.
A descoberta foi feita no mês passado, quando Kelriany conseguiu um emprego e foi ao banco abrir uma conta. Só neste dia a estudante descobriu que ela e a irmã já tinham contas correntes, e estavam empregadas no gabinete do senador Efraim Moraes (DEM-PB). O salário de cada uma das irmã era de R$ 3,8 mil.

“Nunca imaginei que eu poderia ser uma funcionária fantasma. Nunca me passou pela cabeça”, disse Kelly.
Nos documentos que entregaram à Polícia Civil, as irmãs aparecem na relação de funcionários do gabinete do senador. Uma das amigas que pediu a procuração é Mônica da Conceição Bicalho, que trabalha para o senador. O parlamentar não quis conversar com a equipe do Jornal Nacional. Mônica declarou que as duas irmãs prestavam serviço ao gabinete, e que o senador não tinham conhecimento das irregularidades.
Em 2008, ele teve de demitir seus parentes do gabinete devido a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação ao nepotismo. No mesmo ano, surgiram denúncias de que ele estaria envolvido com fraudes nas licitações do Senado para contratação de empresas terceirizadas. O parlamentar acabou inocentado na investigação da Corregedoria da Casa.

Classe emergente festeja progressos

O Estado de S.Paulo
Muitos eleitores de classe média baixa melhoraram de vida nos últimos anos, e associam seus progressos ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No tabuleiro de acarajé do Zé da Chica, perto da praia de Itapuã, em Salvador, quatro integrantes dessa classe emergente se reuniram num fim de tarde para conversar com o Estado sobre a melhora em suas vidas - e as consequências dela nas suas escolhas na eleição presidencial deste ano.


O taxista Luis Estrela, de 34 anos, conta que "afundou em dívidas" entre 1998, no final do primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, e 2003, início do governo Lula. "O poder aquisitivo diminuiu muito", diz, e, com ele, o movimento de passageiros. "Tudo que eu tinha tive que botar na fogueira", recorda Luis. Em 2003, ele devia R$ 30 mil a duas financeiras. "Quando entrou o governo Lula, comecei a respirar." O número de passageiros foi aumentando - ele reconhece que também por causa da violência nos ônibus de Salvador - e os juros dos empréstimos caíram.

Luis reuniu todas as suas dívidas em um banco. "Zerei meu nome nos bancos, cartões de crédito e celular." Comprou um terreno com uma construção por R$ 7 mil à vista e terminou a casa com um empréstimo na Caixa Econômica Federal (CEF) de R$ 17 mil, pelo qual pagou R$ 23 mil, em 24 meses. Equipou a casa com TV de plasma, computador, máquina de lavar, geladeira nova e ar- condicionado. "Coisas que nunca pude ter noutros governos", diz ele. Luis instalou até um DVD player para os passageiros de seu táxi, que é arrendado.

O taxista afirma que ganha entre R$ 4 mil e R$ 4.600 por mês, e paga com facilidade a despesa mensal de R$ 3.500, incluindo o colégio da enteada de 12 anos, o sustento do filho de 1 ano e meio e um plano de saúde. "Graças a Deus, dá para manter uma situação muito boa."

"Para mim, melhorou muito", concorda Cristiane Caetano, de 31 anos, que fez curso técnico de enfermagem e é uma espécie de governanta na casa de duas irmãs de meia-idade. "Consegui financiar minha casa." Cristiane paga prestação de R$ 146 na CEF pelo seu apartamento, que se encaixa bem na sua renda de R$ 800 (salário mínimo de R$ 510 mais diárias de R$ 35, que faz noutras casas).

No dia em que conversou com o Estado, ela tinha colocado anúncio no jornal procurando emprego como enfermeira. "Mando currículo todo dia; nunca me chamaram, talvez por não ter experiência", diz Cristiane, formada há quatro anos em Itapetinga, sua cidade natal, a 562 km de Salvador. Ela não culpa o governo por não ter encontrado vaga em sua área. "Em Itapetinga, todo mundo que fez o meu curso está empregado", diz Cristiane, cuja mãe trabalha como enfermeira em um hospital da cidade. "Lá tem bastante emprego. Trabalhei seis anos na fábrica de sapatos da Azaléia. Meus quatro irmãos também. Mas toda vida quis morar em Salvador." Ela conseguiu seu primeiro emprego em 1999, na época de Fernando Henrique. Não tem opinião sobre o ex-presidente.

O namorado de Cristiane, funcionário da prefeitura de Pojuca, a 67 km de Salvador, não gosta do governo Lula. "Ele é contra o Bolsa-Família", explica Cristiane. "Fala que tem que dar trabalho. Só que muita gente não tem condições de trabalhar." Cristiane cita o caso de uma vizinha de sua família em Itapetinga, largada pelo marido com três filhos pequenos. Com o dinheiro do Bolsa Família, ela abriu uma venda em sua casa, e assim pode trabalhar e ao mesmo tempo cuidar dos filhos.

"Desde a eleição de Lula, facilitou muito", avalia o segurança Arlindo Barbosa da Silva Filho, de 50 anos. "Qualquer pobre tem condições de ter TV, micro-ondas... Antes era mais difícil." Arlindo foi demitido em 2008 de uma grande empresa em Salvador, onde trabalhara 18 anos. Recebeu R$ 46 mil do Fundo de Garantia, indenização e férias e outros R$ 3.800 de seguro-desemprego, em cinco parcelas. Deu R$ 40 mil de entrada num apartamento que vale R$ 120 mil, paga prestação de R$ 400 e cobra aluguel de R$ 500. Juntou o restante com suas economias, investiu quase R$ 20 mil numa casa que já possuía e aumentou o aluguel de R$ 400 para R$ 700.

Além disso, a pensão de sua sogra, cujo marido era ex-combatente da Marinha e funcionário do Correio, deu um salto no governo Lula. Ela recebe R$ 6 mil por mês, que repassa para a filha e o genro. Sua mulher está fazendo curso de publicidade. Como empregado, Arlindo ganhava R$ 700 líquidos. Agora, tira R$ 1.800, somando a renda de aluguéis de R$ 1.200 e os R$ 600 que ganha como motorista autônomo. "Esse governo é bom", resume. "Ficou mais fácil investir e conseguir crédito."

Arlindo tem um carro Vectra financiado em 36 meses, e paga R$ 418 por mês. "Com trabalho honesto, querendo, conseguem-se as coisas." Cristiane completa: "E nome limpo." Ela conta que uma amiga vendedora de produtos Avon comprou um carro. O marido desconfiou e foi averiguar. Explicaram que ela tinha rendimento e nome limpo.

No transcurso do governo Lula, José Antonio dos Santos Vieira, o Zé do Acarajé, de 45 anos, transformou-se em arrendatário e pequeno empresário. Ele abriu seu primeiro ponto de acarajé em Piatã há 16 anos, mas só contratou o primeiro funcionário em 2002. Hoje, tem 10 funcionários, e do ano passado para cá abriu mais dois pontos.

Formado em educação física, Zé do Acarajé é professor da rede estadual. Em 2007, fez empréstimo consignado de R$ 13 mil como servidor estadual no Banco do Brasil e transformou o sobrado em que vivia em sete unidades residenciais, que aluga por R$ 1.700. Paga R$ 380 de prestação. Pegou dinheiro emprestado com sua cunhada, comprou terreno e construiu casa num condomínio na Estrada Velha do Aeroporto. Em sua nova casa, montou uma cozinha industrial. Financiou também a compra de sua picape Saveiro e de um Gol para a filha, que estuda engenharia de produção. Outra faz ciências contábeis. "O governo federal ajudou quando segurou os juros", analisa Zé do Acarajé, que faz último ano de direito. "Se não tivesse essa facilidade de financiamento, eu não teria conseguido fazer o que fiz."

Os entrevistados não gostam de Lula apenas porque melhoraram de vida durante seu governo. "Esse presidente foi o primeiro que teve coragem de mandar prender corruptos, que mostrou os bastidores da política", cita Luis. "Não é que mandou prender, não mandou soltar", assinala Zé do Acarajé. "A Polícia Federal agora está trabalhando", acrescenta Arlindo. "Lula enfrentou os empresários em favor das pessoas de baixa renda. Antes o governo era muito do lado da classe alta. Lula foi o primeiro que olhou para o Nordeste, que era esquecido."

Apesar de estarem satisfeitos com Lula, nem todos definiram em quem vão votar em outubro. "Embora esteja contente com esse governo, ainda tem muito que melhorar, principalmente na educação", diz Zé do Acarajé. "Mesmo gostando de Lula, ainda não escolhi meu candidato", afirma Cristiane. "Não sou ligada em política. Só parei para prestar atenção em Lula porque senti a mudança, que foi um choque mesmo."

"Ainda é cedo para tecer opinião em relação a candidato", declara Arlindo. "Estou em dúvida ainda. Não gosto muito de política. Eu sou Lula. Minha opinião pode mudar até setembro." Luis é bem mais assertivo: "Com o que a gente tinha antes, muda não." Ele já escolheu: "Quero que continue o pessoal de Lula, Dilma. Se continuar como está, já é muita coisa. Não quero que piore. Do jeito que está, está bom demais."

Rodrigo Maia recebia mensalão do DEM, diz Durval Barbosa

O Durval é um traíra.
Fonte: Portal Terra
O ex-secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal e delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa, afirmou que o presidente nacional do partido, o deputado federal Rodrigo Maia (RJ), era um dos beneficiários do esquema de corrupção do ex-governador do DF José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM). Segundo Barbosa, a participação de Maia no esquema é um dos focos da nova fase das investigações do Ministério Público Federal, com as quais colabora através de um acordo de delação premiada. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo. "O acerto do Rodrigo era direto com o Arruda", disse Barbosa. O ex-secretário também apontou o envolvimento do PMDB no esquema de Arruda. O dinheiro, segundo ele, era entregue ao presidente do diretório do partido no DF, o deputado federal Tadeu Filippelli. "Filippelli recebia R$ 1 milhão por mês para o PMDB", afirmou Barbosa. O ex-secretário não deu detalhes sobre os supostos pagamentos ao DEM e ao PMDB, argumentando que o acordo com o MP o impede de falar sobre assuntos relativos à investigação. Questionado sobre o andamento da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, que desencadeou o escândalo, Barbosa afirmou que "mais uns 60 vão ser presos".

SERRA E A COCAÍNA DA BOLÍVIA

José Serra vem insistindo na acusação de que o governo da Bolívia é cúmplice dos narcotraficantes que abastece o mercado de cocaína no Brasil. A insistência tem causado perplexidade a alguns comentaristas de política que acompanham a campanha eleitoral.
Pode até ser paranóia minha, mas por traz desse angu tem caroço. Lembram do caso LUNUS em que a banda (podre?) tucana da polícia federal detonou a candidatura da Roseana Sarney? Já houve o dinheiro de CUBA na campanha do Lula. Pois é bem possível que essa mesma banda da Polícia Federal esteja preparando alguma coisa parecida como: dinheiro da Bolívia para a campanha da Dilma, e a clara vinculação com o narcotráfico. O Serra não tem escrúpulo, é bom o governo, o PT e a Dilma se precaverem contra coisas desse tipo.

Geraldo Galvão