quinta-feira, 10 de junho de 2010

Cortando na carne & estratégias

Miguel do Rosário - Óleo do Diabo

Fácil não foi. Engolir Hélio Costa, em Minas Gerais, e Roseana Sarney, no Maranhão, foram os desafios mais difíceis e traumáticos para a militância petista. Mas o PT precisava consolidar o apoio do PMDB e, com isso, enfiar mais uma estaca no peito do adversário.

Política é um processo que envolve muita estratégia e humildade. O PT cresceu muito nos últimos anos. Em 2011, será provavelmente o maior partido do Congresso Nacional e, ganhando Dilma, seguirá ocupando a presidência da república quiçá por mais oito anos. Com tantos dedos precisando de cuidados, deve ter a sabedoria de não querer todos os anéis para si.

As eleições deste ano têm uma importância que ultrapassa as questões regionais. Os interesses em jogo desta vez são realmente pesados. Uma vitória de Serra representaria um retrocesso dramático para a política de integração sulamericana e para as articulações geopolíticas das nações emergentes.

Prefiro, contudo, não ser tão fatalista. Os povos sulamericanos já conviveram com inúmeras derrotas, mas sua combatividade nunca esmoreceu. Seguiram lutando, incansavelmente, até porque, para eles, política não é dilentantismo. É luta de vida ou morte. Uma eventual derrota no Brasil seria um passo atrás, mas as forças populares logo se rearticulariam e, mais animadas que nunca, voltariam às trincheiras para defender seus direitos.

Seja como for, Dilma Rousseff desponta, nestas eleições, como grande favorita. O PT até agora vem fazendo tudo certo. Os erros foram mínimos. O caso do dossiê fantasma, por exemplo, teve uma função salutar: foi um exercício de guerra. Perdeu-se um soldado, mas isso faz parte do jogo. A saída de Lanzetta, articulada rapidamente, esvaziou o discurso da oposição midiática. É incrível a força da mídia para estigmatizar uma pessoa. O Globo e a Veja acharam a fotinha mais horrorosa possível de Lanzetta, com barba por fazer e os olhos inchados, e a mostravam regularmente, apavorando as recatadas senhoras de classe média que ainda tem coragem de acompanhar o noticiário.

O próximo passo das forças aliadas é impedir que o PSDB se alie ao PP, o que já está conseguindo. Se conseguir quebrar o acordo já meio que firmado entre tucanos e o PSC, ótimo. Mas nem é tão necessário. Apenas com as alianças que já possui, Dilma deverá ter quase o dobro do tempo de televisão de José Serra. Com isso, poderá neutralizar grande parte dos ataques vindos da mídia conservadora.

Não há muita novidade nas estratégias de Serra. Ele tentará golpes sujos e seus aliados são, como sempre, a Veja e os jornalões, que pautam as redes de TV e toda a imprensa nacional.

O inimigo mais perigoso ainda é a Rede Globo, que tem efetivamente poder para causar um abalo de última hora, a famosa "bala de prata". Mas, como já disse, o enorme tempo de TV à disposição de Dilma lhe dá alguma segurança também nessa batalha.

E a blogosfera, perguntarão vocês? Qual será seu papel?

Ela será fundamental na condução da luta ideológica, sobretudo entre as classes mais instruídas. O próprio fato de Serra ter força entre as elites confere à blogosfera uma função primordial. À blogosfera de esquerda caberá confundir, desmobilizar e, por fim, trazer para seu lado, os soldados à serviço da plutocracia. Recente pesquisa nos mostrou que cerca de 90% dos profissionais da imprensa apóiam Lula. Eles estão silenciosos, apáticos e acovardados, diante da brutalidade opressiva que tomou conta das redações.

A campanha na blogosfera, feita em alto nível, pode fazer com que esses jornalistas e outros profissionais, que vivem à sombra da aristocracia patronal, vislumbrem em si mesmos um brilho de liberdade e altivez, e se não podem passar para o outro lado das trincheiras, poderão, ao menos, fazer corpo mole e não contribuir para a vitória de seus algozes. O samba e a capoeira ecoam alto nas senzalas de todo Brasil, mas nem todos na Casa Grande estão assustados. As mocinhas elegantes, que jantam, silenciosas, junto ao pai severo, batem o pé, discretamente, por baixo de suas enormes saias rendadas.

Quem vai boicotar a Globo na Copa do Mundo?




Só a Globo e a Band vão trasmitir a copa de 2010.

O SBT fará mesas redondas com Pelé, mas não transmitirá os jogos.

Isso não dá muita opção de escolha. Mas, ainda que a Band tenha estrupícios como Boris Casoy, ainda é melhor produzir "baixas" na audiência da Globo, e assistir na Band.

Pelo menos a gigante sai mais fraca. Se perder mais audiência, perde mais poder econômico, e de conspirar contra a eleição de candidatos populares como Lula e Dilma. Além disso, cá pra nós, o Galvão Bueno é um mala.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

O candidato a candidato

O candidato a candidato, por não ter nada a dizer, precisa das manchetes, para dar a impressão que está dizendo algo. Precisa produzir manchetes a mancheias, para dar a impressão de que está fazendo algo de verdade, quando na verdade não está fazendo muita coisa.
Não há pior candidato do que aquele que permanece candidato a candidato.

Quem é o candidato a candidato? É aquele que fica buscando sempre, e só isso, estar bem no filme... dos outros.

Normalmente, o candidato a candidato não tem o que dizer. Ou se tem, não pode dizer o que quer dizer, porque não condiz com o filme onde ele quer se dar bem. Então o candidato a candidato cai naquele limbo, onde não tem propriamente compromisso com o que venha a dizer, pois pode dizer qualquer coisa. Muitas vezes isso dá errado, porque nem sempre o que lhe vem a cabeça bate com o que está na cabeça dos outros. Por isso, normalmente o candidato a candidato dá cabeçadas e bate cabeça com a cabeça de muita gente.

O candidato a candidato é assim: redundante. Se descobre que alguma coisa que disse rendeu-lhe algo, mesmo que seja apenas no seu próprio arraial, fica martelando nisso como martelo em cabeça de prego, até achata-lo todo. Por quê? Porque o candidato a candidato precisa ter a certeza de estar mantendo atrás de si os correligionários que já conquistou, de medo de perde-los e com isso, como bote furado, deixar de captar outros, que não irão entrar num esquife que está fazendo água.

E por quê esse porquê? Por que o candidato a candidato, por não ter nada a dizer, precisa das manchetes, para dar a impressão que está dizendo algo. Precisa produzir manchetes a mancheias, para dar a impressão de que está fazendo algo de verdade, quando na verdade não está fazendo muita coisa. Ou se está, é apenas fazendo pouco dos que o ouvem, pois espera que acreditem que ele está fazendo algo importante, quando na verdade não está.

O candidato a candidato precisa de manchetes? Ah, estas são as partes difíceis. Porque então o candidato a candidato precisa de candidatos a mancheteiros que editem as manchetes que seus patrões, os donos dos veículos em que eles trabalham, querem que eles façam, para manchetear as virtudes do candidato a candidato que apóiam.

A dificuldade dessa operação começa porque os mancheteiros não podem por nas manchetes que mancheteiam a verdade sobre o que os donos dos veículos em que eles trabalham, ou seja, aquilo que esses donos querem que o candidato a candidato faça, se ganhar, mas que não querem que ele sequer diga, enquanto permanecer na corrida.

Para não dizer que não falei de pedras, quero dizer, de flores, vamos a alguns exemplos. Não pode sair uma manchete assim: “O nosso candidato, que é o candidato a candidato para vocês, leitores, vai privatizar tudo o que nós queremos e mais ainda”. Não que muitos leitores desses veículos não gostassem dessas candidatas a manchetes que jamais deixarão esse estado de gravidez nunca realizada. Mas é que ela poderia cair nos olhos de outros que não gostarão, e daí ir para a boca do povo, e aí os donos desses veículos começariam a ter urticária, alergia, perebas, essas coisas que lhes assaltam as peles quando ouvem expressões como “a boca do povo”, “a vontade do povo”, “a soberania popular” – ih, essa dá até convulsões em alguns.

Outros exemplos de manchetes que deverão ficar só em pensamento, como aqueles pecados que a gente cometia quando pequenos demais para comete-los por ações:

“Se o nosso candidato ganhar, bloqueará por todos os meios isso de desenvolvimento com consumo popular. Em troca, haverá bônus para todos os investidores no mercado de futuros, presentes e passados, e de secos e molhados”.

“Se o nosso candidato ganhar, Hillary Clinton vai mandar não só no Conselho de Segurança da ONU, como também no Ministério da Defesa do Brasil”.

“Nosso candidato vai isentar de impostos produtos essenciais, como o vinho francês, o uísque escocês, mesmo que seja naturalizado paraguaio, e o chapéu de caubói americano. Para compensar, vai sobretaxar produtos supérfluos, como o arroz com feijão, a caipirinha de cachaça (a de vodka russa, não!) e a tubaína.

E por aí vai.

Mas o problema é que o candidato a candidato é mais duro que carne de pescoço para produzir manchetes. Pobres mancheteiros! Têm chacoalhar mais a cabeça do que parafuso frouxo em espremedor de cana para produzir as desejadas candidatas a manchetes sobre o candidato a candidato! Por que o candidato a candidato, para agradar muitos e muitos sem se comprometer muito, tem que se voltar para minigâncias, nonadas, ninharias, frioleiras, inânias, nicas, nugas, mas sempre dando-se o ar de fazer verdadeiras maravalhas, espetaculosidades, dando sempre a impressão de estar roubando a cena quando na verdade está mesmo é tomando o tempo dos outros.

Então vem essa coleção de candidatas a pérolas de um colar, como se assim fossem preciosidades. “O candidato a candidato foi à missa”. “O candidato a candidato comungou”. “O candidato a candidato puxou uma Ave-Maria”. “O candidato a candidato acha que quem fuma enerva a Deus” (isso foi em outra igreja). “O candidato a candidato colocou o solidéu na cabeça” (isso vai ser em outra). E logo virão as inevitáveis “O candidato a candidato comeu um pastel”, e “O candidato a candidato segurou o feirante – ops – quero dizer – a filha do feirante no colo”.

(Não pensem que eu tenho algo contra ir à missa, comungar, etc. Mas é que no tempo em que eu fazia isso (hoje minha religião é entre eu e Ele, Ele e eu, nós dois numa demanda, nem ele ganha nem eu) aprendi que a gente devia fazer essas coisas com humildade e devoção, por amor do Amor, e não para sair no santinho.).

Mas isso não chega, só isso não ganha eleição. Daí vem outra: "candidato a candidato vai semear ministério no planalto". Opa, isso nào dá muito certo não. Tem gente no campo dele que acha que isso incha o Estado. Daí: "candidato a candidato diz que vai podar secretaria". Essa é fase agrícola. Depois vem a antropológica. Então vêm outras pérolas mais peroladas ainda. Tipo “Candidato a candidato acusa índio de ser o responsável pelo narcotráfico para destruir a nossa juventude”. “Mas é porque ele virou presidente do país vizinho! Mas também é demais, não é?” - pensarão muitos leitores desses veículos, que adoram o candidato a candidato” – “ter um ex-torneiro mecânico de presidente já é uma barra! Ou ter um ex-tupamaro no outro país vizinho. E imaginem então uma lutadora contra a nossa querida ditabranda de outrora chegar a presidência!”.

Como essa do índio rende juros e juras de amor no mercado desses leitores comprometidos com os jornais dos donos de jornal comprometidos com o candidato a candidato, este vai repetindo a dose, para permanecer nas manchetes: e dá-lhe índio responsável pela coca! Ou cúmplice. Ou corpo-mole, já que, para essa mentalidade, é isso mesmo que índio faz desde que Cabral chegou aqui: corpo-mole. “Depois ainda vem dizer que quer apito! Apito coisa nenhuma, índio quer mesmo é se fingir de morto, como dizia aquele excelente general americano”.

Ah, mas isso não chega. Porque ainda assim o candidato a candidato vai caindo e caindo nas pesquisas. Nem assoprando pra cima ele sobe. Então é preciso por-se mãos à obra para “desconstruir” – “destruir” seria melhor, mas as ogivas nucleares estão proibidas em nosso pais – a candidata do outro lado, porque ao contrário do candidato a candidato ela não é uma candidata a candidata, ela é uma candidata, com programa explícito e o escambau.

“Então venha a nós o vosso dossiê! Ela não fabricou um? Nem tentou? Não tem importância”, pensam alguns dos cartolas do candidato a candidato: “Nós fabricamos um para ela”. Quer dizer: “a gente fabrica a história do dossiê, e gruda nela”. “E venham um, dois, três, muitos dossiês!, como dizia aquele general americano que lutou no Vietnã!”.

E por aí a história se vai. Não sabemos ainda o que vai acontecer. Mas uma coisa certa. Mesmo que ganhe a eleição, quem nasceu pra candidato a candidato, jamais chegará a candidato de fato. Porque para isso é preciso estar à altura do Brasil. Só que o Brasil mudou de lugar e de tamanho. E ele nem aí.

Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Dragão tatuado no braço


Desentendimento no covil. O choro da Dora é desespero de uma derrota anunciada.

Galvão

Estadão 08/06 - - Dora Kramer


- O Estado de S.Paulo
A tensão que assola o ambiente na campanha presidencial da oposição não se deve à procura de um candidato, ou candidata, a vice de José Serra. Isso é, no máximo, um problema.


Bem como é um transtorno a perda da dianteira folgada transformada em empate nas pesquisas com a adversária Dilma Rousseff. Tudo isso é do jogo. Preocupa, mas não é suficiente para abalar os nervos de gente habitualmente fleumática, acostumada a disputar eleições.

O que desnorteia o PSDB são os movimentos e os objetivos do ex-governador Aécio Neves. O que anda acontecendo no meio dos tucanos é uma crise de confiança.

Não obstante os desmentidos, disfarces e tentativas de identificar "mensageiros ocultos" por trás dessa notícia que virão a seguir, não há outra maneira de definir a situação.

E como se obtém esse tipo de certeza? Ao menos aqui nessa seara não é atendendo à solicitação de alguém interessado em envolver outrem (no caso, Aécio Neves) em intrigas partidárias ou reproduzindo "informação" de um desafeto que relata sua versão dos fatos com intuito de criar constrangimento ao personagem que procura atingir.

Esse truque é bastante comum. Está em uso agora no mais novo caso de dossiê a provocar engalfinhos entre PT e PSDB.

Mas retomemos. A certeza de que Aécio Neves é alvo de aguda desconfiança do núcleo de coordenação de campanha resulta da soma de conversas, reações, avaliações, fatos presentes e passados. Não de quaisquer conversas.

A base é que sejam fundamentadas em gente com acesso às decisões e que não tenham por Aécio um mínimo resquício de antipatia. Do contrário a premissa será falsa e a conclusão estará errada.

Onde hoje o mineiro provoca o mais forte desapontamento é exatamente onde todo tempo residiu a ideia de que todo e qualquer movimento dele deveria ser respeitado e reconhecido pelo conjunto do partido como forma legítima de se afirmar politicamente no cenário nacional. Sob a seguinte lógica: o que é bom para Aécio acabará sendo bom para o PSDB.

Aí se incluem cordialidades político-eleitorais com Lula em 2006 ao tempo do voto "lulécio"; visitas no ano de 2007 ao PMDB para fotos enquanto grassavam versões (sempre desmentidas e depois retomadas) sobre possíveis filiações ao partido; aliança em 2008 com o petista Fernando Pimentel na eleição da Prefeitura de Belo Horizonte e fazer um "laboratório" para lançar Pimentel ao governo de Minas em 2010 com o apoio de Aécio; demonstrações de apreço político a Ciro Gomes, inimigo assumido daquele que viria a representar o partido na eleição presidencial.

A partir do fim da eleição municipal, iniciou-se o jogo da candidatura presidencial paralelamente ao da candidatura a vice. Aécio defendia as prévias internas, mas não fazia movimentos efetivos para que elas concretizassem.

Em setembro de 2009 chegou a combinar com a direção do PSDB que tiraria uma licença do governo para viajar pelo País a fim de "trabalhar" os diretórios, mas do anúncio não evoluiu à prática.

Em dezembro desistiu da candidatura, assegurou que não seria vice. Por três vezes negou peremptoriamente, mas sempre por iniciativa de alguém de seu grupo o assunto renasceu inúmeras vezes.

Com isso, o processo de escolha atrasou, se desgastou e hoje a quantidade de nomes postos e retirados da cena dá a impressão de que todos correm da missão como de uma doença contagiosa.

Muito bem. Se o núcleo de decisão do PSDB desconfia de que foi vítima das artimanhas de Aécio, por que não encerrou o assunto antes e tocou o processo sem ele?

Medo do efeito de um "racha" e dependência real de Minas.

Moedas, porém, têm duas faces. Dois parceiros de Aécio foram vítimas de cordas excessivamente esticadas em longos, muitas vezes incompreensíveis, nem sempre no interesse coletivo dos respectivos partidos, lances de vaivém: Fernando Pimentel e Ciro Gomes. Ambos abatidos por Lula.
Se o presidente resolver eleger Hélio Costa ao governo de Minas será um poderoso adversário ao projeto prioritário de Aécio de manter o controle político de seu Estado. 

domingo, 6 de junho de 2010

Lanzetta quer depor



Recebo telefonema de Luiz Lanzetta.
Diz ele que está ansioso aguardando a convocação para depor em qualquer ambiente, seja no Congresso ou em praça pública.
Lá, fará questão de dizer tudo o que ouviu do delegado Onézimo Souza, na presença de várias testemunhas. Onézimo descreveu o sistema de informações montado pelo Delegado Marcelo Itagiba, apresentou organograma, mencionou nomes de agentes da PF e da ABIN envolvidos.
Se houve grampo da parte do araponga, diz Lanzetta, exigiremos que seja apresentado na íntegra, sem cortes. Lá, diz ele, ficará claro que nos limitamos a fazer perguntas enquanto ele informava sobre bombas de dossiês de todos os tipos.
Segundo Lanzetta, será uma verdadeira festa de São João – em termos de bombas – relatar a conversa com o araponga.

Procuradoria eleitoral pede multa ao PSDB por site contra Dilma Rousseff

Última instância
Da Redação - 06/06/2010 - 14h01

A vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau, ajuizou representação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pedindo a aplicação de multa de R$ 25 mil ao PSDB por veicular propaganda eleitoral antecipada negativa contra a pré-candidata à Presidência da República Dilma Rousseff no site www.gentequemente.org.br.

Além disso, a procuradora quer que cesse a divulgação dos comentários e que seja suspenso, por 24 horas, o acesso a todo o conteúdo informativo do site.

Sandra Cureau explica que as passagens transcritas do site possuem evidente conotação eleitoral, já que há menção expressa às eleições de 2010, pedido de voto e comparação entre governos, demonstrando o claro propósito de prejudicar a pré-candidata Dilma Rousseff e beneficiar o pré-candidato José Serra na disputa eleitoral, bem como a potencialidade para influenciar a vontade do eleitor que acessa o sítio.

“Por isso, os comentários transcritos na presente representação extrapolam a liberdade de manifestação do pensamento na internet e o direito de crítica relativo à atuação administrativa de Dilma e do governo atual, inerente à atividade política, caracterizando verdadeira propaganda extemporânea”, diz Cureau na representação.

De acordo com a vice-procuradora-geral eleitoral, o PSDB é o criador do site, pois tem poder de autorizar quais comentários serão publicados na página, bem como excluí-los, razão pela qual se torna responsável por todo o conteúdo mantido no site. “Inclusive, consta do site, na seção 'sobre', a seguinte declaração do seu administrador: 'nossos comentários são aprovados por um moderador para garantir que o conteúdo publicado seja relevante para os demais leitores, de acordo com o objetivo do blog'.

Sandra Cureau destaca que a veiculação de propaganda eleitoral na internet somente é permitida a partir de 6 de julho do ano das eleições. “Veda-se, antes desse período, a propaganda que faça referência às eleições, à candidatura, que busque divulgar a ação política que o candidato pretende desenvolver, as razões que induzam a concluir que o beneficiário é o mais apto ao exercício da função pública, além daquela em que haja pedido de voto explícito ou implícito”.