domingo, 19 de setembro de 2010

SERRA É O HOMEM DA CIA NO BRASIL ?

O Serra deveria aproveitar o espaço do horário eleitoral para esclarecer algumas duvidas sobre o período em que esteve no Chile: O diploma de economista que ele diz ter, e ninguém viu, é o menor dos problemas; mais serio: é o fato dele ter sido preso, levado para o estádio de Santiago do Chile e ter saído de lá sem ser molestado, enquanto centenas de pessoas foram torturadas e mortas no estádio naqueles dias. Ele fez algum acordo com o exército de Pinochet ou com a CIA? Ele entregou outros exilados à sanha dos milicos? Transformou-se em informante? Como explicar que mesmo tendo a sua  esposa sobrenome Allende, saiu do Chile tranquilamente, e foi justamente para os EUA, país que estava por traz do golpe contra Salvador Allende? Quem pagou seus estudos em universidade americana?  Acho que o Serra é outra versão do “Cabo Anselmo”.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Câmara reforça a acusação das centrais contra Serra. Ele não criou nem o FAT, nem o Seguro-Desemprego

Candidato afirma que, sob Lula, a CUT virou ‘superpelega’

Central aconselha tucano a se preparar para desemprego

Josias de Souza – Blog da Folha
Aliado do presidenciável tucano José Serra, o PPS endereçou ofício ao Cedi (Centro de Documentação e Informação da Câmara).

Pediu informações sobre a participação de Serra no processo legislativo que resultou na regulamentação do seguro-desemprego e na criação do FAT.

Na resposta ao PPS, divulgada nesta quarta (14), o Cedi informou:

1. Serra foi “autor de emendas ao dispositivo que resultou no artigo 239 da Constituição Federal”.

Dito de outro modo: à época em que era deputado Constituinte, Serra não propôs o artigo 239, mas apresentou emendas.

O que diz o artigo 239? Destina a arrecadação do PIS (Programa de Integração Social) ao financiamento do seguro-desemprego.

O documento da Câmara não esmiúça o teor das emendas apresentadas por Serra.

2. De resto, o texto do Centro de Documentação da Câmara anota que Serra “foi o autor do projeto de lei 2.250, de 1989.

Acrescenta que a proposta de Serra “tramitou conjuntamente com o projeto de lei 991”, que o então deputado Jorge Uequed (PMDB-RS) apresentara em 1988.

Os dois projetos, o de Serra e o anterior, de Uequed, tratam da regulamentação do seguro-desemprego e da criação do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).

Munido desses dados, o PPS apressou-se em veicular na web notícia com o seguinte título: “Câmara confirma que Serra ajudou a criar o FAT e o seguro desemprego”.

O texto reproduz a íntegra da resposta que o partido recebera do Cedi, o setor administra a “memória” da Câmara.

De fato, numa leitura apressada, a resposta do Cedi conduz à conclusão veiculada pelo PPS. Afinal, o deputado Serra fora autor de “emendas” e de um “projeto”.

O problema é que o documento do centro de documentação da Câmara remete para dois links.

Um traz o detalhamento da tramitação do projeto de Serra (aqui). Outro refaz o caminho da proposta de Uequed (aqui).

Em ambos há uma anotação que corrobora a acusação que, em manifesto, cinco centrais sindicais haviam dirigido a Serra.

Embora tenha sido “apensado” à proposição de Uequed (991/88), o projeto de Serra (2.250/89) foi “prejudicado pela aprovação” do primeiro.

O que disseram as centrais no documento anti-Serra? Que ele “mente” ao dizer que criou o FAT e tirou do papel o seguro-desemprego.

“Não fez nem uma coisa nem outra”, atacaram as cinco máquinas sindicais que apoiam a petista Dilma Rousseff: CUT, Força Sindical, CGBT, CTB e Nova Central.

O seguro-desemprego, anotaram as centrais, é obra da presidência de José Sarney. Criado e regulamentado em 1986, passou a “ser concedido imediatamente aos trabalhadores”.

Sobre o FAT, as centrais escreveram: “Foi criado pelo projeto de lei nº 991, de 1988, de autoria do deputado Jorge Uequed”.

Acrescentam: “Um ano depois, Serra apresentou um projeto sobre o FAT (nº 2.250/1989), que foi considerado prejudicado pelo plenário da Câmara”.

Ou seja, o ataque dos sindicalistas a Serra reproduz, nesse tópico, os dados que o Centro de Documentação da Câmara repassou ao PPS.

Alheio às informações oficiais, Serra escalou em direção à CUT, braço sindical do PT. Dedicou à entidade um vocábulo que nenhum sindicalista gosta de ouvir: Pelego.

Deu-se nesta quarta (14), num evento em que a UGT (União Geral dos Trabalhadores) repassou ao candidato suas propostas para o futuro governo.

Serra disse que, sob FHC, a CUT “era uma entidade sindical anti-pelega”. Depois que Lula chegou ao poder, tornou-se “uma entidade super-pelega”.

Em resposta pendurada na página da CUT na internet, o presidente da central, o petista Artur Henrique, reagiu em timbre acerbo.

Disse que “as declarações de Serra demonstram desequilíbrio”. Tachou-as de “tolas” e “deselegantes”. E aconselhou o tucano a se preparar para o desemprego:

“Esperamos que o candidato, no futuro próximo, saiba administrar [...] pelo menos o seu seguro-desemprego, que ele diz falsamente ser sua criação”.

À noite, no Rio, Serra voltou a pegar em lanças. Num encontro com artistas e intelectuais, disse que se instalou no Brasil uma “República Sindicalista“.

Começa a produção comercial do pré-sal

Operação vai ocorrer no campo de Baleia Franca, no litoral capixaba, que até o fim do ano vai produzir 40 mil barris de óleo por dia
http://www.blogmercante.com/wp-uploads/2010/03/FPSO-capixaba_Low-Res.jpg
Plataforma FPSO Capixaba começa a exploração comercial do pré-sal

Nicola Pamplona enviado especial / Vitória – O Estado de S.Paulo

A Petrobrás inicia hoje a primeira produção comercial de petróleo do pré-sal brasileiro, no campo de Baleia Franca, no litoral capixaba. A produção será feita por meio da plataforma FPSO Capixaba, que até o fim do ano produzirá, no pré-sal, 40 mil barris por dia. O projeto faz parte de um programa de investimentos que deve elevar a produção capixaba a 400 mil barris de petróleo por dia em 2015, duplicando o volume atual.
Desse total, 60% virão de campos do pós-sal e o restante, do pré-sal, explicou o gerente executivo da unidade de operações da Petrobrás no Espírito Santo, Robério Silva. O Estado tem outros dois polos de produção, um em terra, na divisa com a Bahia, e outro no litoral norte, onde estão os campos de Golfinho e Camarupim. Silva diz que a empresa tem esperança de encontrar reservas abaixo do sal no litoral norte, que hoje está fora da área delimitada pelo governo como pré-sal.
O campo de Baleia Franca está oficialmente na Bacia de Campos, mas em frente ao litoral capixaba, e faz parte da província petrolífera batizada de Parque das Baleias. Foi lá que a Petrobrás iniciou os testes de produção do pré-sal, por meio da plataforma P-34, no campo de Jubarte. A operação, no entanto, é encarada como um teste pela Petrobrás. “A P-57 é o primeiro projeto de produção do pré-sal em escala comercial no País, já desenhado a partir dos testes de produção anteriores”, comentou Silva.
A FPSO Capixaba receberá ainda poços do campo de Cachalote, na mesma região, que tem reservas entre 1,5 bilhão e 2 bilhões de barris no pré-sal. A unidade deve atingir sua capacidade máxima de 100 mil barris por dia ainda este ano. Metade da produção virá de reservatórios abaixo da camada de sal. O gás será escoado para unidade de tratamento no município de Anchieta.
O Parque das Baleias recebe ainda este ano a plataforma P-57, em obras no estaleiro Brasfels, de Angra dos Reis. Com capacidade de 180 mil barris por dia, a unidade vai produzir apenas óleo do pós-sal. A província receberá ainda as plataformas Cidade de Anchieta, no campo de Baleia Azul, em 2012, e P-58, na porção norte da província, em 2014. A plataforma P-34, que está hoje em Jubarte, será deslocada em 2015 para produzir óleo do pós-sal de Baleia Azul.
O Parque das Baleias fica no extremo norte da região delimitada pelo governo como área do pré-sal, que vai de Santa Catarina ao litoral sul capixaba. Ao lado da concessão, estão descobertas do pré-sal da Shell, em província conhecida como Parque das Conchas, e da americana Anadarko, conhecida como Wahoo. Silva disse que a estatal ainda não perfurou poços de pré-sal mais ao norte, já na Bacia do Espírito Santo, mas pretende fazê-lo para testar a existência de pré-sal.
GÁS. O gerente da Petrobrás para o Espírito Santo informou que a empresa vem retomando a produção de gás no Estado, que ficou em marcha lenta por causa da baixa demanda pelo combustível após a crise econômica.
Hoje, a produção está em torno de 5 milhões de metros cúbicos por dia, parte desse volume exportada para o Nordeste por meio do Gasoduto Sudeste Nordeste, inaugurado este ano. A companhia fez nova descoberta de gás no norte do Estado, próxima ao campo de Camarupim Norte, em área onde tem parceria com a americana Unocal.


Desenvolvimento é mais veloz no ES que na Bacia de Santos

Ritmo tem relação com ‘facilidades’ encontradas no Estado, onde o pré-sal é menos profundo e mais próximo do continente

Nicola Pamplona – O Estado de S.Paulo

A velocidade no desenvolvimento das reservas do pré-sal no Espírito Santo, maior do que a verificada no polo de Tupi, na Bacia de Santos, tem relação com as facilidades encontradas no litoral capixaba, na comparação com a região onde estão as maiores reservas brasileiras de petróleo.
O pré-sal do Espírito Santo está mais próximo do continente (a cerca de 80 quilômetros, contra os mais de 300 quilômetros de Tupi) e fica a profundidades menores (1,5 mil metros, contra mais de 2 mil metros). Além disso, a camada de sal no Parque das Baleias tem espessura média de 200 metros, dez vezes menor do que a de Tupi, o que facilita as perfurações no local.
Outra vantagem, lembrou o gerente executivo da unidade de operações da Petrobrás para o Espírito Santo, Robério Silva, é o menor teor de gás carbônico no pré-sal capixaba. O teor de gás carbônico está em torno dos 5%, contra 12% a 20% em Tupi. A alta quantidade do gás tóxico na Bacia de Santos obrigará a empresa a perfurar poços para reinjetar o gás nos reservatórios.
Foi no Espírito Santo o primeiro teste de longa duração do pré-sal brasileiro, no campo de Jubarte, iniciado em setembro de 2006. O teste de Tupi, por sua vez, foi iniciado em maio de 2009. A região produtora da Bacia de Santos receberá sua primeira produção comercial em dezembro, por meio da plataforma-piloto de Tupi, com capacidade para 100 mil barris por dia.
De todo modo, o pré-sal do Parque das Baleias vai produzir algo em torno de 160 mil barris de petróleo por dia em 2014. Já na Bacia de Santos, segundo o planejamento estratégico da Petrobrás, o pré-sal terá capacidade instalada de 340 mil barris por dia, além dos testes de longa duração previstos para as descobertas da região.

domingo, 20 de junho de 2010

Só o Luiz Estevão suportava a Heloísa Helena



Candidato do PSOL pede saída de Heloisa Helena do comando do partido
UOL - MÁRCIO FALCÃO - DE BRASÍLIA

O pré-candidato do PSOL à Presidência, Plínio de Arruda Sampaio, reagiu nesta sexta-feira às declarações da presidente de seu partido, Heloísa Helena, atual vereadora em Maceió, com elogios à presidenciável do PV, Marina Silva.

Plínio disse que Heloisa Helena se especializa em causar constrangimentos ao partido e que se a vereadora declarar apoio a Marina, não pode permanecer no comando do partido.

O pré-candidato do PSOL disse que a direção da legenda deve precisa discutir a fala de Heloisa Helena.

"Se Heloísa tiver declarado apoiar outra candidatura, não pode seguir na presidência do PSOL por não defender a política do partido. A direção nacional se reunirá para discutir as declarações atribuídas a Heloísa Helena, que se especializa em criar constrangimentos ao PSOL", afirmou Plínio, em seu twitter.

Heloisa Helena lançou hoje sua candidatura ao Senado na convenção estadual do partido. Em seu discurso, a vereadora disse que Marina é a candidata do seu coração.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Mais informação sobre o apartamento em Paris

"O apartamento da Avenue Foch, região nobre (e cara) de Paris, onde Ruth e Fernando Henrique Cardoso estão passando férias, não era de propriedade de Maria do Carmo e Roberto Abreu Sodré, conforme se anunciou.
Teria sido comprado, há anos, por Sérgio Motta, em sociedade com FHC.

Mais recentemente, o ex-presidente teria feito uma nova escritura, endossada por Wilma Motta, viúva do ministro das Comunicações do governo tucano (semelhante a que foi feita na fazenda Córrego da Ponte), passando para o amigo e sócio Jovelino Mineiro." 


Comentário:
A impressão que dá é que o Jovelino Mineiro é testa de ferro da sociedade Fernando Henrique/ Sérgio Motta.

O apartamento em Paris que FHC diz não ser dele

Folha de S. Paulo, 12 de janeiro de 2003. Página A7, Coluna de Janio de Freitas

O endereço


Data imprecisada, ou imprecisável, e não recente. Fernando Henrique Cardoso, no uso de toda a simpatia possível, discorre para os comensais suas apreciações sobre fatos diversos e pessoas várias. De repente, intervém a mulher de um brasileiro renomado, há muito tempo é figura internacional de justo prestígio, ministro mais de uma vez, com importantes livros e ensaios. Moradores íntimos de Paris por longos períodos, mas não só por vontade própria, consta que nela nada restringe a franqueza. Se alguém na conversa desconhecia a peculiaridade, ali testemunhou um motivo para não esquecê-la:

Pois é, mas nós sabemos do apartamento que Sérgio Motta e você compraram na Avenue Foch.

Congelamento total dos convivas. Fernando Henrique é quem o quebra, afinal. Apenas para se levantar e afastar-se. Cara fechada, lívido, nenhuma resposta verbal. A bela Avenue Foch, seus imensos apartamentos entre os preços mais altos do mundo, luxo predileto dos embaixadores de países subdesenvolvidos, refúgio certo dos Idi Amim Dada, dos Bokassa, dos Farouk e, ainda, de velhos aristocratas europeus. Avenue Foch, onde a família Fernando Henrique Cardoso está instalada. No apartamento emprestado, é a informação posta no noticiário, pelo amigo que passou a figurar na sociedade da fazenda também comprada por Sérgio Motta e Fernando Henrique Cardoso, em Buritis. Avenue Foch, é ela que traz de volta comentários sobre a historieta, indagações de sua autenticidade ou não, curiosidade em torno do que digam outros possíveis comensais.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

LULA GANHOU - Ricardo Noblat 14 06 10


O Ricardo Noblat Delgado vai ser contratado pela campanha da DILMA  como estrategista da campanhaSua idéia de não ir a debate e administrar a vantagem é perfeita.
Galvão
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A primeira fase da sucessão de Lula acabou no último fim de semana com a indicação de José Serra, Dilma Rousseff e Marina Silva para candidatos do PSDB, do PT, do PV e demais partidos coligados. A segunda e última fase deverá ter seu desfecho no dia 3 de outubro, data da eleição. Quem ganhou a primeira? Dilma, claro. Quero dizer: Lula.

Que presidente da República seria tão atrevido a ponto de antecipar a escolha de seu candidato em mais de um ano e afrontar a lei durante todo esse período fazendo propaganda direta ou indireta dele? Não foi apenas a popularidade recorde de Lula que o levou a se comportar assim. Foi também sua formação.

Como líder sindical, aprendeu a tirar vantagem em tudo, mesmo em negociações destinadas ao fracasso. Aprendeu a correr riscos. E a ganhar ou perder mandando às favas todos os escrúpulos. Como único patrocinador da candidatura de Dilma, ele decidiu testar os limites da Justiça Eleitoral.

Ou ele saía cedo por aí, com Dilma debaixo do braço, apresentando-a como a mãe das principais realizações do seu governo, executiva exemplar e apta a dar continuidade à sua obra, ou não teria chances de emplacá-la como candidata — nem fora dos partidos nem dentro. Pagou para ver se a Justiça barraria seus passos. A Justiça comeu mosca.

Lorota a história de que Lula não dispunha de outros nomes para sucedê-lo depois da queda de José Dirceu da Casa Civil e de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda. Patrus Ananias, por exemplo, foi o ministro do Bolsa Família. É mineiro como Dilma. E tem votos. Assim como Tarso Genro, Marta Suplicy e Aloizio Mercadante.

Mas Lula preferiu Dilma, uma petista recente sem experiência eleitoral. Primeiro porque ela é mulher — e tal condição poderá ser vista com simpatia pelos brasileiros. Segundo porque Dilma demonstrou irrestrita fidelidade a ele. E terceiro porque se ela vencer, Deus e o mundo atribuirão a vitória a Lula, unicamente a ele.

Se Dilma perder... Bem, a culpa será dela. E uma derrota facilitaria o retorno de Lula daqui a quatro anos. Hoje, parece improvável que perca. É o que admitem (em segredo) oito entre cada 10 políticos de todos os partidos. Jamais um candidato a presidente contou com cabo eleitoral tão forte e disposto e com uma conjuntura tão favorável. Em conversa com amigos, Lula confidencia coisas do tipo: “Quero somente ver se o Serra tem sangue de barata. Só se tiver para não reagir às provocações que lhe farei”. Ou então: “Eu me empenharei em eleger Dilma de uma forma como nunca fiz nem para mim mesmo”. Ou ainda: “Eleger Dilma é uma questão de honra para mim”.

O grau de felicidade dos brasileiros está em alta. Lula tem sido feliz na venda da ideia de que é o único inventor do País da bonança. Entre 2002 e este ano, o salário mínimo pulou de US$ 80 para US$ 280, o Produto Interno Bruto (PIB) foi de US$ 500 bilhões para US$ 1 trilhão, e 30 milhões de pobres ascenderam à classe média.

Somente um imprevisto, um clamoroso erro ou sucessivos erros de pequeno e médio porte serão capazes de imprimir um novo rumo a uma eleição com toda a pinta de que acabou antes de começar para valer. Erros podem ser evitados poupando-se Dilma de protagonizar situações que escapem ao controle dos seus atentos guias.

Nada de se expor em debates — pelo menos até que se distancie de Serra nas pesquisas de intenção de voto. Caso isso ocorra, comparecer a debates para quê? Nada de entrevistas a não ser para veículos confiáveis e jornalistas preocupados antes de tudo com fontes de informações a serem abertas no próximo governo.

O mais recomendável seria que Dilma se reservasse para brilhar nos comerciais e programas de propaganda eleitoral de campanha. Ainda assim como uma espécie de segundo sol. Se ela se limitar a exaltar Lula e a ser exaltada por ele, e defender vagas ideias consensuais, só perderá se o destino lhe for ingrato. Presidência é destino. 

domingo, 13 de junho de 2010

Serra, Bolívia e Irã: segurança para quem?



Como avaliar a extensão e a profundidade da preocupação do ex-ministro José Serra para com a segurança nacional se, quando ministro de FHC, participou desta espantosa política de desarmamento unilateral que é como pode ser chamada a desnacionalização da Embratel e a entrega de informações militares e governamentais brasileiras para o controle de um consórcio internacional muito vinculado à indústria bélica? Quem criou o apagão satelital agora clama para segurança? O artigo é de Beto Almeida.

O candidato presidencial pelo PSDB tem insistido na crítica à atual política externa brasileira, à proposta da integração latino-americana. Foca na Bolívia, sobretudo, acusando o presidente Evo Morales de conivência com o narcotráfico. E critica também o governo Lula-Dilma por não adotar medidas de segurança mais eficazes no combate ao tráfico de drogas.

Porém, lembramos algumas medidas adotadas no governo da dupla FHC-Serra que diluíram a níveis gravíssimos a capacidade do estado de praticar indispensáveis políticas de soberania. Tomemos a privatização da Embratel. Com ela, todas as comunicações governamentais e de segurança nacional, além da cobertura nacional das TVs, que passam pelos antigos Brasil-SAT da empresa, estão hoje sob controle de consórcio internacional. Basta uma ligeira modificação no posicionamento dos satélites, por sabotagem ou por erro técnico - atenção para a elasticidade do termo - para causar um apagão em todo o território nacional. A informação é importante para compreender que concepção de segurança o ex-ministro de FHC está a alardear hoje.

Muito recentemente, com a aprovação da nova Estratégia Nacional de Defesa, a preocupação de importantes segmentos militares com aquela extravagante vulnerabilidade externa criada pela privatização-desnacionalização da Embratel, está sendo resolvida pelo governo atual. Por iniciativa da Aeronáutica, já há o planejamento para um satélite brasileiro, geoestacionário, por onde trafegarão as comunicações militares e governamentais, hoje sob comando de consórcios vinculados a operações militares destinadas a sustentar o expansionismo dos interesses do EUA sobre o Iraque, o Afeganistão e, bola da vez, o Irã, todos riquíssimos em energia. Como sabemos, estas grandes empresas registram grande vinculação com a indústria bélica, fonte de todas suas encomendas.

Assim, cabe perguntar se serão diferentes os interesses e o modo de operação de mecanismos como a Embratel, por parte dos EUA, em relação a um país do porte e das riquezas estratégicas do Brasil, considerando a grande escassez energética do gigante norte-americano? Será que os EUA atuarão com pleno respeito às leis do mercado e também às leis internacionais, quando, num momento de tensão ficarem consignadas as grandes divergências que possui com o Brasil em matéria de política internacional, aliás, como assinalou a Secretária Hillary Clinton?

Há segurança com apagão satelital?
É diante deste quadro de complexidades crescentes - num mundo que cada vez mais comprova não ser o terreno para meigos - que por proposta do Brasil foi criado o Conselho de Defesa Sul-Americana. Detalhe fundamental: sem a presença dos EUA. Ato contínuo, os EUA revitalizaram a sua Quarta Frota. Como avaliar então a extensão e a profundidade da preocupação do ex-ministro José Serra para com a segurança nacional se, quando ministro de FHC, participou desta espantosa política de desarmamento unilateral que é como pode ser chamada a desnacionalização da Embratel e a entrega de informações militares e governamentais brasileiras para o controle de um consórcio internacional muito vinculado à indústria bélica? Quem criou o apagão satelital agora clama para segurança?

Vale lembrar que tanto a Venezuela, que já lançou o seu satélite próprio, Simon Bolívar, como a Bolívia, que está preparando o seu equipamento próprio, a partir de cooperação com a China, hoje uma potência espacial, sinalizam o quanto o Brasil terá andado na contra-mão na imprescindível caminhada de possuir um sistema soberano de informação. Aliás, vale lembrar que foi em 1961, a partir de visita do presidente João Goulart à China que nasce o interesse do Brasil pela exploração espacial. Muitos fatores intervieram, sobretudo intervenções externas, para atrasar ao máximo o lançamento oficial do Programa Espacial Brasileiro, apenas em 1979. Enquanto isso, comparemos, a China Popular foi do ábaco ao computador, foi do estágio agrícola a tornar-se uma potência espacial, lançando naves ao espaço sideral.

Por obra de valorosos brasileiros preservamos o Programa Espacial Brasileiro e, agora, com uma política inversa áquela praticada pela dupla FHC-Serra, o Brasil já está em condições de dedicar mais prioridade política e orçamentária a programas de desenvolvimento das novas possibiliades, aproveitando suas grandes vantagens comparativas, para buscar ingressar no seleto e fechado clube das super-potências espaciais. E também para reativar e fortalecer outro importante programa também relacionado à soberania nacional, o programa nuclear, que, há pouco, recebeu volume inédito de recursos por decisão de um presidente que quando criança, por pouco escapou da morte ao ser mordido por uma égua enfezada. Assim como escapou da pena de morte generalizada representada pela miséria que durante décadas executou implacavelmente crianças pobres nordestinas.

Esvaziamento ou inchaço?
Por falar em segurança também é importante lembrar por quanto tempo a Polícia Federal ficou sem realizar concursos públicos quando Serra era ministro, período em que o FBI passou a ter um módulo seu, dentro das instalações da DPF em Brasília, um edifício cujo acesso é vedado a policial brasileiro, conforme denunciou reiteradas vezes a revista Carta Capital em 2000 e 2001.

O Brasil, com quase 200 milhões de habitantes, tem nos quadros de sua Polícia Federal, cerca de 50 mil profissionais. Para se dimensionar o esvaziamento da máquina pública pelas políticas neoliberais, o Canadá, com pouco mais de 20 milhões de habitantes, tem na Polícia Federal um efetivo de 180 mil homens. Agora, registramos a retomada dos concursos públicos pela dupla Lula-Dilma, procedimento que é visto pela crítica neoliberal como inchaço da máquina....

É claro que não se pode pensar em segurança e defesa se não há controle de fronteiras, infra-estrutura moderna, incluindo meios de transporte e suas indústrias ferroviária e aeronáutica, ambas privatizadas e desnacionalizadas na década passada. E Forças Armadas de fato armadas.

Irã
Mas, como a crítica do candidato tucano alcançou o Irã, uma pequena nota divulgada hoje ajuda a jogar luzes seu posicionamento. Trata-se de uma advertência dos EUA ao Brasil, lembrando que as sanções impostas ao Irã incluem a proibição da venda de etanol à nação persa. Fica claro então que as sanções visam não apenas manter o monopólio da tecnologia nuclear em mãos das potências nucleares, como também prejudicar o relacionamento econômico do Irã com diversos países, incluindo o Brasil.

O ex-ministro da Saúde, no episódio, é colhido na posição contrária ao desenvolvimento tecnológico das nações emergentes no terreno nuclear. Posicionamento que, se hoje é contra o Irã, amanhã pode ser perfeitamente lançado contra o Brasil, já que há muitas insinuações de estranhos porta-vozes das grandes potências de que o Brasil também estaria pretendendo ter a sua bomba atômica. Não precisa ser verdade. Lançou-se devastadora agressão militar contra o Iraque com base em mentiras, hoje reconhecidas, de que aquela nação árabe possuía armas de destruição em massa.

Revisão necessária em curso
Só muito recentemente aquela política de desarmamento unilateral vem sendo revista com robustez. A Estratégia Nacional de Defesa, o reforço orçamentário ao Programa Nuclear Brasileiro, o apoio consistente ao Programa Espacial Brasileiro, a retomada dos concursos públicos para equipamento da Polícia Federal, a criação do Sistema de Rastreabilidade dos Medicamentos combatendo com tecnologia avançada o contrabando e a falsificação, a retomada da Telebrás Estatal, são algumas das medidas que apontam para esta revisão. Vale citar a regulamentação da lei do tiro de interceptação de naves que penetram ilegalmente as fronteiras brasileiras, nunca regulamentada no governo anterior, estimulando sua prática, já que os militares brasileiros nada podiam fazer além de constatar a ilegalidade.

Há a necessidade de muitas outras medidas. Mas, uma delas, é inescapável lembrar aqui, embora tenha sido apresentada durante da Conferência Nacional de Comunicação, sem ter tido o número de votos necessários à aprovação: a retomada do controle da Embratel para o estado brasileiro. Ou será admissível num mundo de tensas e complexas tensões, e de crescentes divergências do Brasil com os EUA, como nos advertiu Hillary Clinton, imaginar, candidamente, que mesmo em situações de impasse e de conflitos que envolvam a soberania nacional, os atuais donos da empresa, que controla informações governamentais e militares brasileiras, atuarão com lealdade e sinceridade ante os interesses nacionais?

Para os que desnacionalizaram a Embratel, entre eles o ex-ministro Serra, provavelmente sim. Eles o fizeram. Para a ex-ministra Dilma, que atuou intensamente para, a partir da Casa-Civil, dar sustentação e viabilidade á nova Estratégia Nacional de Defesa, possivelmente não. Não creio sejam estas diferenças secundárias entre os dois. E, certamente, ajudam a medir o alcance do discurso do candidato tucano quando aborda o tema segurança.



quinta-feira, 10 de junho de 2010

Cortando na carne & estratégias

Miguel do Rosário - Óleo do Diabo

Fácil não foi. Engolir Hélio Costa, em Minas Gerais, e Roseana Sarney, no Maranhão, foram os desafios mais difíceis e traumáticos para a militância petista. Mas o PT precisava consolidar o apoio do PMDB e, com isso, enfiar mais uma estaca no peito do adversário.

Política é um processo que envolve muita estratégia e humildade. O PT cresceu muito nos últimos anos. Em 2011, será provavelmente o maior partido do Congresso Nacional e, ganhando Dilma, seguirá ocupando a presidência da república quiçá por mais oito anos. Com tantos dedos precisando de cuidados, deve ter a sabedoria de não querer todos os anéis para si.

As eleições deste ano têm uma importância que ultrapassa as questões regionais. Os interesses em jogo desta vez são realmente pesados. Uma vitória de Serra representaria um retrocesso dramático para a política de integração sulamericana e para as articulações geopolíticas das nações emergentes.

Prefiro, contudo, não ser tão fatalista. Os povos sulamericanos já conviveram com inúmeras derrotas, mas sua combatividade nunca esmoreceu. Seguiram lutando, incansavelmente, até porque, para eles, política não é dilentantismo. É luta de vida ou morte. Uma eventual derrota no Brasil seria um passo atrás, mas as forças populares logo se rearticulariam e, mais animadas que nunca, voltariam às trincheiras para defender seus direitos.

Seja como for, Dilma Rousseff desponta, nestas eleições, como grande favorita. O PT até agora vem fazendo tudo certo. Os erros foram mínimos. O caso do dossiê fantasma, por exemplo, teve uma função salutar: foi um exercício de guerra. Perdeu-se um soldado, mas isso faz parte do jogo. A saída de Lanzetta, articulada rapidamente, esvaziou o discurso da oposição midiática. É incrível a força da mídia para estigmatizar uma pessoa. O Globo e a Veja acharam a fotinha mais horrorosa possível de Lanzetta, com barba por fazer e os olhos inchados, e a mostravam regularmente, apavorando as recatadas senhoras de classe média que ainda tem coragem de acompanhar o noticiário.

O próximo passo das forças aliadas é impedir que o PSDB se alie ao PP, o que já está conseguindo. Se conseguir quebrar o acordo já meio que firmado entre tucanos e o PSC, ótimo. Mas nem é tão necessário. Apenas com as alianças que já possui, Dilma deverá ter quase o dobro do tempo de televisão de José Serra. Com isso, poderá neutralizar grande parte dos ataques vindos da mídia conservadora.

Não há muita novidade nas estratégias de Serra. Ele tentará golpes sujos e seus aliados são, como sempre, a Veja e os jornalões, que pautam as redes de TV e toda a imprensa nacional.

O inimigo mais perigoso ainda é a Rede Globo, que tem efetivamente poder para causar um abalo de última hora, a famosa "bala de prata". Mas, como já disse, o enorme tempo de TV à disposição de Dilma lhe dá alguma segurança também nessa batalha.

E a blogosfera, perguntarão vocês? Qual será seu papel?

Ela será fundamental na condução da luta ideológica, sobretudo entre as classes mais instruídas. O próprio fato de Serra ter força entre as elites confere à blogosfera uma função primordial. À blogosfera de esquerda caberá confundir, desmobilizar e, por fim, trazer para seu lado, os soldados à serviço da plutocracia. Recente pesquisa nos mostrou que cerca de 90% dos profissionais da imprensa apóiam Lula. Eles estão silenciosos, apáticos e acovardados, diante da brutalidade opressiva que tomou conta das redações.

A campanha na blogosfera, feita em alto nível, pode fazer com que esses jornalistas e outros profissionais, que vivem à sombra da aristocracia patronal, vislumbrem em si mesmos um brilho de liberdade e altivez, e se não podem passar para o outro lado das trincheiras, poderão, ao menos, fazer corpo mole e não contribuir para a vitória de seus algozes. O samba e a capoeira ecoam alto nas senzalas de todo Brasil, mas nem todos na Casa Grande estão assustados. As mocinhas elegantes, que jantam, silenciosas, junto ao pai severo, batem o pé, discretamente, por baixo de suas enormes saias rendadas.

Quem vai boicotar a Globo na Copa do Mundo?




Só a Globo e a Band vão trasmitir a copa de 2010.

O SBT fará mesas redondas com Pelé, mas não transmitirá os jogos.

Isso não dá muita opção de escolha. Mas, ainda que a Band tenha estrupícios como Boris Casoy, ainda é melhor produzir "baixas" na audiência da Globo, e assistir na Band.

Pelo menos a gigante sai mais fraca. Se perder mais audiência, perde mais poder econômico, e de conspirar contra a eleição de candidatos populares como Lula e Dilma. Além disso, cá pra nós, o Galvão Bueno é um mala.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

O candidato a candidato

O candidato a candidato, por não ter nada a dizer, precisa das manchetes, para dar a impressão que está dizendo algo. Precisa produzir manchetes a mancheias, para dar a impressão de que está fazendo algo de verdade, quando na verdade não está fazendo muita coisa.
Não há pior candidato do que aquele que permanece candidato a candidato.

Quem é o candidato a candidato? É aquele que fica buscando sempre, e só isso, estar bem no filme... dos outros.

Normalmente, o candidato a candidato não tem o que dizer. Ou se tem, não pode dizer o que quer dizer, porque não condiz com o filme onde ele quer se dar bem. Então o candidato a candidato cai naquele limbo, onde não tem propriamente compromisso com o que venha a dizer, pois pode dizer qualquer coisa. Muitas vezes isso dá errado, porque nem sempre o que lhe vem a cabeça bate com o que está na cabeça dos outros. Por isso, normalmente o candidato a candidato dá cabeçadas e bate cabeça com a cabeça de muita gente.

O candidato a candidato é assim: redundante. Se descobre que alguma coisa que disse rendeu-lhe algo, mesmo que seja apenas no seu próprio arraial, fica martelando nisso como martelo em cabeça de prego, até achata-lo todo. Por quê? Porque o candidato a candidato precisa ter a certeza de estar mantendo atrás de si os correligionários que já conquistou, de medo de perde-los e com isso, como bote furado, deixar de captar outros, que não irão entrar num esquife que está fazendo água.

E por quê esse porquê? Por que o candidato a candidato, por não ter nada a dizer, precisa das manchetes, para dar a impressão que está dizendo algo. Precisa produzir manchetes a mancheias, para dar a impressão de que está fazendo algo de verdade, quando na verdade não está fazendo muita coisa. Ou se está, é apenas fazendo pouco dos que o ouvem, pois espera que acreditem que ele está fazendo algo importante, quando na verdade não está.

O candidato a candidato precisa de manchetes? Ah, estas são as partes difíceis. Porque então o candidato a candidato precisa de candidatos a mancheteiros que editem as manchetes que seus patrões, os donos dos veículos em que eles trabalham, querem que eles façam, para manchetear as virtudes do candidato a candidato que apóiam.

A dificuldade dessa operação começa porque os mancheteiros não podem por nas manchetes que mancheteiam a verdade sobre o que os donos dos veículos em que eles trabalham, ou seja, aquilo que esses donos querem que o candidato a candidato faça, se ganhar, mas que não querem que ele sequer diga, enquanto permanecer na corrida.

Para não dizer que não falei de pedras, quero dizer, de flores, vamos a alguns exemplos. Não pode sair uma manchete assim: “O nosso candidato, que é o candidato a candidato para vocês, leitores, vai privatizar tudo o que nós queremos e mais ainda”. Não que muitos leitores desses veículos não gostassem dessas candidatas a manchetes que jamais deixarão esse estado de gravidez nunca realizada. Mas é que ela poderia cair nos olhos de outros que não gostarão, e daí ir para a boca do povo, e aí os donos desses veículos começariam a ter urticária, alergia, perebas, essas coisas que lhes assaltam as peles quando ouvem expressões como “a boca do povo”, “a vontade do povo”, “a soberania popular” – ih, essa dá até convulsões em alguns.

Outros exemplos de manchetes que deverão ficar só em pensamento, como aqueles pecados que a gente cometia quando pequenos demais para comete-los por ações:

“Se o nosso candidato ganhar, bloqueará por todos os meios isso de desenvolvimento com consumo popular. Em troca, haverá bônus para todos os investidores no mercado de futuros, presentes e passados, e de secos e molhados”.

“Se o nosso candidato ganhar, Hillary Clinton vai mandar não só no Conselho de Segurança da ONU, como também no Ministério da Defesa do Brasil”.

“Nosso candidato vai isentar de impostos produtos essenciais, como o vinho francês, o uísque escocês, mesmo que seja naturalizado paraguaio, e o chapéu de caubói americano. Para compensar, vai sobretaxar produtos supérfluos, como o arroz com feijão, a caipirinha de cachaça (a de vodka russa, não!) e a tubaína.

E por aí vai.

Mas o problema é que o candidato a candidato é mais duro que carne de pescoço para produzir manchetes. Pobres mancheteiros! Têm chacoalhar mais a cabeça do que parafuso frouxo em espremedor de cana para produzir as desejadas candidatas a manchetes sobre o candidato a candidato! Por que o candidato a candidato, para agradar muitos e muitos sem se comprometer muito, tem que se voltar para minigâncias, nonadas, ninharias, frioleiras, inânias, nicas, nugas, mas sempre dando-se o ar de fazer verdadeiras maravalhas, espetaculosidades, dando sempre a impressão de estar roubando a cena quando na verdade está mesmo é tomando o tempo dos outros.

Então vem essa coleção de candidatas a pérolas de um colar, como se assim fossem preciosidades. “O candidato a candidato foi à missa”. “O candidato a candidato comungou”. “O candidato a candidato puxou uma Ave-Maria”. “O candidato a candidato acha que quem fuma enerva a Deus” (isso foi em outra igreja). “O candidato a candidato colocou o solidéu na cabeça” (isso vai ser em outra). E logo virão as inevitáveis “O candidato a candidato comeu um pastel”, e “O candidato a candidato segurou o feirante – ops – quero dizer – a filha do feirante no colo”.

(Não pensem que eu tenho algo contra ir à missa, comungar, etc. Mas é que no tempo em que eu fazia isso (hoje minha religião é entre eu e Ele, Ele e eu, nós dois numa demanda, nem ele ganha nem eu) aprendi que a gente devia fazer essas coisas com humildade e devoção, por amor do Amor, e não para sair no santinho.).

Mas isso não chega, só isso não ganha eleição. Daí vem outra: "candidato a candidato vai semear ministério no planalto". Opa, isso nào dá muito certo não. Tem gente no campo dele que acha que isso incha o Estado. Daí: "candidato a candidato diz que vai podar secretaria". Essa é fase agrícola. Depois vem a antropológica. Então vêm outras pérolas mais peroladas ainda. Tipo “Candidato a candidato acusa índio de ser o responsável pelo narcotráfico para destruir a nossa juventude”. “Mas é porque ele virou presidente do país vizinho! Mas também é demais, não é?” - pensarão muitos leitores desses veículos, que adoram o candidato a candidato” – “ter um ex-torneiro mecânico de presidente já é uma barra! Ou ter um ex-tupamaro no outro país vizinho. E imaginem então uma lutadora contra a nossa querida ditabranda de outrora chegar a presidência!”.

Como essa do índio rende juros e juras de amor no mercado desses leitores comprometidos com os jornais dos donos de jornal comprometidos com o candidato a candidato, este vai repetindo a dose, para permanecer nas manchetes: e dá-lhe índio responsável pela coca! Ou cúmplice. Ou corpo-mole, já que, para essa mentalidade, é isso mesmo que índio faz desde que Cabral chegou aqui: corpo-mole. “Depois ainda vem dizer que quer apito! Apito coisa nenhuma, índio quer mesmo é se fingir de morto, como dizia aquele excelente general americano”.

Ah, mas isso não chega. Porque ainda assim o candidato a candidato vai caindo e caindo nas pesquisas. Nem assoprando pra cima ele sobe. Então é preciso por-se mãos à obra para “desconstruir” – “destruir” seria melhor, mas as ogivas nucleares estão proibidas em nosso pais – a candidata do outro lado, porque ao contrário do candidato a candidato ela não é uma candidata a candidata, ela é uma candidata, com programa explícito e o escambau.

“Então venha a nós o vosso dossiê! Ela não fabricou um? Nem tentou? Não tem importância”, pensam alguns dos cartolas do candidato a candidato: “Nós fabricamos um para ela”. Quer dizer: “a gente fabrica a história do dossiê, e gruda nela”. “E venham um, dois, três, muitos dossiês!, como dizia aquele general americano que lutou no Vietnã!”.

E por aí a história se vai. Não sabemos ainda o que vai acontecer. Mas uma coisa certa. Mesmo que ganhe a eleição, quem nasceu pra candidato a candidato, jamais chegará a candidato de fato. Porque para isso é preciso estar à altura do Brasil. Só que o Brasil mudou de lugar e de tamanho. E ele nem aí.

Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Dragão tatuado no braço


Desentendimento no covil. O choro da Dora é desespero de uma derrota anunciada.

Galvão

Estadão 08/06 - - Dora Kramer


- O Estado de S.Paulo
A tensão que assola o ambiente na campanha presidencial da oposição não se deve à procura de um candidato, ou candidata, a vice de José Serra. Isso é, no máximo, um problema.


Bem como é um transtorno a perda da dianteira folgada transformada em empate nas pesquisas com a adversária Dilma Rousseff. Tudo isso é do jogo. Preocupa, mas não é suficiente para abalar os nervos de gente habitualmente fleumática, acostumada a disputar eleições.

O que desnorteia o PSDB são os movimentos e os objetivos do ex-governador Aécio Neves. O que anda acontecendo no meio dos tucanos é uma crise de confiança.

Não obstante os desmentidos, disfarces e tentativas de identificar "mensageiros ocultos" por trás dessa notícia que virão a seguir, não há outra maneira de definir a situação.

E como se obtém esse tipo de certeza? Ao menos aqui nessa seara não é atendendo à solicitação de alguém interessado em envolver outrem (no caso, Aécio Neves) em intrigas partidárias ou reproduzindo "informação" de um desafeto que relata sua versão dos fatos com intuito de criar constrangimento ao personagem que procura atingir.

Esse truque é bastante comum. Está em uso agora no mais novo caso de dossiê a provocar engalfinhos entre PT e PSDB.

Mas retomemos. A certeza de que Aécio Neves é alvo de aguda desconfiança do núcleo de coordenação de campanha resulta da soma de conversas, reações, avaliações, fatos presentes e passados. Não de quaisquer conversas.

A base é que sejam fundamentadas em gente com acesso às decisões e que não tenham por Aécio um mínimo resquício de antipatia. Do contrário a premissa será falsa e a conclusão estará errada.

Onde hoje o mineiro provoca o mais forte desapontamento é exatamente onde todo tempo residiu a ideia de que todo e qualquer movimento dele deveria ser respeitado e reconhecido pelo conjunto do partido como forma legítima de se afirmar politicamente no cenário nacional. Sob a seguinte lógica: o que é bom para Aécio acabará sendo bom para o PSDB.

Aí se incluem cordialidades político-eleitorais com Lula em 2006 ao tempo do voto "lulécio"; visitas no ano de 2007 ao PMDB para fotos enquanto grassavam versões (sempre desmentidas e depois retomadas) sobre possíveis filiações ao partido; aliança em 2008 com o petista Fernando Pimentel na eleição da Prefeitura de Belo Horizonte e fazer um "laboratório" para lançar Pimentel ao governo de Minas em 2010 com o apoio de Aécio; demonstrações de apreço político a Ciro Gomes, inimigo assumido daquele que viria a representar o partido na eleição presidencial.

A partir do fim da eleição municipal, iniciou-se o jogo da candidatura presidencial paralelamente ao da candidatura a vice. Aécio defendia as prévias internas, mas não fazia movimentos efetivos para que elas concretizassem.

Em setembro de 2009 chegou a combinar com a direção do PSDB que tiraria uma licença do governo para viajar pelo País a fim de "trabalhar" os diretórios, mas do anúncio não evoluiu à prática.

Em dezembro desistiu da candidatura, assegurou que não seria vice. Por três vezes negou peremptoriamente, mas sempre por iniciativa de alguém de seu grupo o assunto renasceu inúmeras vezes.

Com isso, o processo de escolha atrasou, se desgastou e hoje a quantidade de nomes postos e retirados da cena dá a impressão de que todos correm da missão como de uma doença contagiosa.

Muito bem. Se o núcleo de decisão do PSDB desconfia de que foi vítima das artimanhas de Aécio, por que não encerrou o assunto antes e tocou o processo sem ele?

Medo do efeito de um "racha" e dependência real de Minas.

Moedas, porém, têm duas faces. Dois parceiros de Aécio foram vítimas de cordas excessivamente esticadas em longos, muitas vezes incompreensíveis, nem sempre no interesse coletivo dos respectivos partidos, lances de vaivém: Fernando Pimentel e Ciro Gomes. Ambos abatidos por Lula.
Se o presidente resolver eleger Hélio Costa ao governo de Minas será um poderoso adversário ao projeto prioritário de Aécio de manter o controle político de seu Estado. 

domingo, 6 de junho de 2010

Lanzetta quer depor



Recebo telefonema de Luiz Lanzetta.
Diz ele que está ansioso aguardando a convocação para depor em qualquer ambiente, seja no Congresso ou em praça pública.
Lá, fará questão de dizer tudo o que ouviu do delegado Onézimo Souza, na presença de várias testemunhas. Onézimo descreveu o sistema de informações montado pelo Delegado Marcelo Itagiba, apresentou organograma, mencionou nomes de agentes da PF e da ABIN envolvidos.
Se houve grampo da parte do araponga, diz Lanzetta, exigiremos que seja apresentado na íntegra, sem cortes. Lá, diz ele, ficará claro que nos limitamos a fazer perguntas enquanto ele informava sobre bombas de dossiês de todos os tipos.
Segundo Lanzetta, será uma verdadeira festa de São João – em termos de bombas – relatar a conversa com o araponga.

Procuradoria eleitoral pede multa ao PSDB por site contra Dilma Rousseff

Última instância
Da Redação - 06/06/2010 - 14h01

A vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau, ajuizou representação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pedindo a aplicação de multa de R$ 25 mil ao PSDB por veicular propaganda eleitoral antecipada negativa contra a pré-candidata à Presidência da República Dilma Rousseff no site www.gentequemente.org.br.

Além disso, a procuradora quer que cesse a divulgação dos comentários e que seja suspenso, por 24 horas, o acesso a todo o conteúdo informativo do site.

Sandra Cureau explica que as passagens transcritas do site possuem evidente conotação eleitoral, já que há menção expressa às eleições de 2010, pedido de voto e comparação entre governos, demonstrando o claro propósito de prejudicar a pré-candidata Dilma Rousseff e beneficiar o pré-candidato José Serra na disputa eleitoral, bem como a potencialidade para influenciar a vontade do eleitor que acessa o sítio.

“Por isso, os comentários transcritos na presente representação extrapolam a liberdade de manifestação do pensamento na internet e o direito de crítica relativo à atuação administrativa de Dilma e do governo atual, inerente à atividade política, caracterizando verdadeira propaganda extemporânea”, diz Cureau na representação.

De acordo com a vice-procuradora-geral eleitoral, o PSDB é o criador do site, pois tem poder de autorizar quais comentários serão publicados na página, bem como excluí-los, razão pela qual se torna responsável por todo o conteúdo mantido no site. “Inclusive, consta do site, na seção 'sobre', a seguinte declaração do seu administrador: 'nossos comentários são aprovados por um moderador para garantir que o conteúdo publicado seja relevante para os demais leitores, de acordo com o objetivo do blog'.

Sandra Cureau destaca que a veiculação de propaganda eleitoral na internet somente é permitida a partir de 6 de julho do ano das eleições. “Veda-se, antes desse período, a propaganda que faça referência às eleições, à candidatura, que busque divulgar a ação política que o candidato pretende desenvolver, as razões que induzam a concluir que o beneficiário é o mais apto ao exercício da função pública, além daquela em que haja pedido de voto explícito ou implícito”.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

"Dossiê" é a bomba do Riocentro que explodiu no colo de Serra ou: O livro que aloprou o Serra.

Nota publicada no Conversa Afiada:
O Conversa Afiada recebeu de amigo navegante mineiro o texto que serve de introdução ao livro “Os porões da privataria” de Amaury Ribeiro Jr., que será lançado logo depois da Copa, em capítulos, na internet. Vai desembarcar na eleição.

É um trabalho de dez anos de Amaury Ribeiro Jr, que começou quando ele era do Globo e se aprofundou com uma reportagem na IstoÉ sobre a CPI do Banestado.

Não são documentos obtidos com espionagem – como quer fazer crer o PiG (*), na feroz defesa de Serra.

É o resultado de um trabalho minucioso, em cima de documentos oficiais e de fé pública.

Um dos documentos Amaury Ribeiro obteve depois de a Justiça lhe conceder “exceção da verdade”, num processo que Ricardo Sergio de Oliveira move contra ele. E perdeu.

O processo onde se encontram muitos documentos foi emcaminhado à Justiça pelo notável tucano Antero Paes e Barros e pelo relator da CPI do Banestado, o petista José Mentor.

Amaury mostra, pela primeira vez, a prova concreta de como, quanto e onde Ricardo Sergio recebeu pela privatização.

Num outro documento, aparece o ex-sócio de Serra e primo de Serra, Gregório Marin Preciado no ato de pagar mais de US$ 10 milhões a uma empresa de Ricardo Sergio.

As relações entre o genro de Serra e o banqueiro Daniel Dantas estão esmiuçadas de forma exaustiva nos documentos a que Amaury teve acesso. O escritório de lavagem de dinheiro Citco Building, nas Ilhas Virgens britânicas, um paraíso fiscal, abrigava a conta de todo o alto tucanato que participou da privataria.

Não foi a Dilma quem falou da empresa da filha do Serra com a irmã do Dantas. Foi o Conversa Afiada.

Que dedica a essa assunto – Serra com Dantas – uma especial atenção.

Leia a introdução ao livro que aloprou o Serra:

Os porões da privataria

Quem recebeu e quem pagou propina. Quem enriqueceu na função pública. Quem usou o poder para jogar dinheiro público na ciranda da privataria. Quem obteve perdões escandalosos de bancos públicos. Quem assistiu os parentes movimentarem milhões em paraísos fiscais. Um livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que trabalhou nas mais importantes redações do país, tornando-se um especialista na investigação de crimes de lavagem do dinheiro, vai descrever os porões da privatização da era FHC. Seus personagens pensaram ou pilotaram o processo de venda das empresas estatais. Ou se aproveitaram do processo. Ribeiro Jr. promete mostrar, além disso, como ter parentes ou amigos no alto tucanato ajudou a construir fortunas. Entre as figuras de destaque da narrativa estão o ex-tesoureiro de campanhas de José Serra e Fernando Henrique Cardoso, Ricardo Sérgio de Oliveira, o próprio Serra e três dos seus parentes: a filha Verônica Serra, o genro Alexandre Bourgeois e o primo Gregório Marin Preciado. Todos eles, afirma, tem o que explicar ao Brasil.

Ribeiro Jr. vai detalhar, por exemplo, as ligações perigosas de José Serra com seu clã. A começar por seu primo Gregório Marín Preciado, casado com a prima do ex-governador Vicência Talan Marín. Além de primos, os dois foram sócios. O “Espanhol”, como (Marin) é conhecido, precisa explicar onde obteve US$ 3,2 milhões para depositar em contas de uma empresa vinculada a Ricardo Sérgio de Oliveira, homem-forte do Banco do Brasil durante as privatizações dos anos 1990. E continuará relatando como funcionam as empresas offshores semeadas em paraísos fiscais do Caribe pela filha – e sócia — do ex-governador, Verônica Serra e por seu genro, Alexandre Bourgeois. Como os dois tiram vantagem das suas operações, como seu dinheiro ingressa no Brasil …

Atrás da máxima “Siga o dinheiro!”, Ribeiro Jr perseguiu o caminho de ida e volta dos valores movimentados por políticos e empresários entre o Brasil e os paraísos fiscais do Caribe, mais especificamente as Ilhas Virgens Britânicas, descoberta por Cristóvão Colombo em 1493 e por muitos brasileiros espertos depois disso. Nestas ilhas, uma empresa equivale a uma caixa postal, as contas bancárias ocultam o nome do titular e a população de pessoas jurídicas é maior do que a de pessoas de carne e osso. Não é por acaso que todo dinheiro de origem suspeita busca refúgio nos paraísos fiscais, onde também são purificados os recursos do narcotráfico, do contrabando, do tráfico de mulheres, do terrorismo e da corrupção.

A trajetória do empresário Gregório Marin Preciado, ex-sócio, doador de campanha e primo do candidato do PSDB à Presidência da República mescla uma atuação no Brasil e no exterior.

Ex-integrante do conselho de administração do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), então o banco público paulista – nomeado quando Serra era secretário de planejamento do governo estadual, Preciado obteve uma redução de sua dívida no Banco do Brasil de R$ 448 milhões (1) para irrisórios R$ 4,1 milhões. Na época, Ricardo Sérgio de Oliveira era diretor da área internacional do BB e o todo-poderoso articulador das privatizações sob FHC.

(Ricardo Sergio é aquele do “estamos no limite da irresponsabilidade. Se der m… “, o momento Péricles de Atenas do Governo do Farol – PHA)

Ricardo Sérgio também ajudaria o primo de Serra, representante da Iberdrola, da Espanha, a montar o consórcio Guaraniana. Sob influência do ex-tesoureiro de Serra e de FHC, mesmo sendo Preciado devedor milionário e relapso do BB, o banco também se juntaria ao Guaraniana para disputar e ganhar o leilão de três estatais do setor elétrico (2).

O que é mais inexplicável, segundo o autor, é que o primo de Serra, imerso em dívidas, tenha depositado US$ 3,2 milhões no exterior através da chamada conta Beacon Hill, no banco JP Morgan Chase, em Nova York. É o que revelam documentos inéditos obtidos dos registros da própria Beacon Hill em poder de Ribeiro Jr. E mais importante ainda é que a bolada tenha beneficiado a Franton Interprises. Coincidentemente, a mesma empresa que recebeu depósitos do ex-tesoureiro de Serra e de FHC, Ricardo Sérgio de Oliveira, de seu sócio Ronaldo de Souza e da empresa de ambos, a Consultatun. A Franton, segundo Ribeiro, pertence a Ricardo Sérgio.

A documentação da Beacon Hill levantada pelo repórter investigativo radiografa uma notável movimentação bancária nos Estados Unidos realizada pelo primo supostamente arruinado do ex-governador. Os comprovantes detalham que a dinheirama depositada pelo parente do candidato tucano à Presidência na Franton oscila de US$ 17 mil (3 de outubro de 2001) até US$ 375 mil (10 de outubro de 2002). Os lançamentos presentes na base de dados da Beacon Hill se referem a três anos. E indicam que Preciado lidou com enormes somas em dois anos eleitorais – 1998 e 2002 – e em outro pré-eleitoral – 2001. Seu período mais prolífico foi 2002, quando o primo disputou a presidência contra Lula. A soma depositada bateu em US$ 1,5 milhão.

O maior depósito do endividado primo de Serra na Beacon Hill, porém, ocorreu em 25 de setembro de 2001. Foi quando destinou à offshore Rigler o montante de US$ 404 mil. A Rigler, aberta no Uruguai, outro paraíso fiscal, pertenceria ao doleiro carioca Dario Messer, figurinha fácil desse universo de transações subterrâneas. Na operação Sexta-Feira 13, da Polícia Federal, desfechada no ano passado, o Ministério Público Federal apontou Messer como um dos autores do ilusionismo financeiro que movimentou, através de contas no exterior, US$ 20 milhões derivados de fraudes praticadas por três empresários em licitações do Ministério da Saúde.

O esquema Beacon Hill enredou vários famosos, entre eles o banqueiro Daniel Dantas. Investigada no Brasil e nos Estados Unidos, a Beacon Hill foi condenada pela justiça norte-americana, em 2004, por operar contra a lei.

Percorrendo os caminhos e descaminhos dos milhões extraídos do país para passear nos paraísos fiscais, Ribeiro Jr. constatou a prodigalidade com que o círculo mais íntimo dos cardeais tucanos abre empresas nestes édens financeiros sob as palmeiras e o sol do Caribe. Foi assim com Verônica Serra. Sócia do pai na ACP Análise da Conjuntura, firma que funcionava em São Paulo em imóvel de Gregório Preciado, Verônica começou instalando, na Flórida, a empresa Decidir.com.br, em sociedade com Verônica Dantas, irmã e sócia do banqueiro Daniel Dantas, que arrematou várias empresas nos leilões de privatização realizados na era FHC.

Financiada pelo banco Opportunity, de Dantas, a empresa possui capital de US$ 5 milhões. Logo se transfere com o nome Decidir International Limited para o escritório do Ctco Building, em Road Town, ilha de Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas. A Decidir do Caribe consegue trazer todo o ervanário para o Brasil ao comprar R$ 10 milhões em ações da Decidir do Brasil.com.br, que funciona no escritório da própria Verônica Serra, vice-presidente da empresa. Como se percebe, todas as empresas tem o mesmo nome. É o que Ribeiro Jr. apelida de “empresas-camaleão”. No jogo de gato e rato com quem estiver interessado em saber, de fato, o que as empresas representam e praticam é preciso apagar as pegadas. É uma das dissimulações mais corriqueiras detectada na investigação.

Não é outro o estratagema seguido pelo marido de Verônica, o empresário Alexandre Bourgeois. O genro de Serra abre a Iconexa Inc no mesmo escritório do Ctco Building, nas Ilhas Virgens Britânicas, que interna dinheiro no Brasil ao investir R$ 7,5 milhões em ações da Superbird. com.br que depois muda de nome para Iconexa S.A…Cria também a Vex capital no Ctco Building, enquanto Verônica passa a movimentar a Oltec Management no mesmo paraíso fiscal. “São empresas-ônibus”, na expressão de Ribeiro Jr., ou seja, levam dinheiro de um lado para o outro.

De modo geral, as offshores cumprem o papel de justificar perante o Banco Central e à Receita Federal a entrada de capital estrangeiro por meio da aquisição de cotas de outras empresas, geralmente de capital fechado, abertas no país. Muitas vezes, as offshores compram ações de empresas brasileiras em operações casadas na Bolsa de Valores. São frequentemente operações simuladas tendo como finalidade única internar dinheiro nas quais os procuradores dessas offshores acabam comprando ações de suas próprias empresas… Em outras ocasiões, a entrada de capital acontecia através de sucessivos aumentos de capital da empresa brasileira pela sócia cotista no Caribe, maneira de obter do BC a autorização de aporte do capital no Brasil. Um emprego alternativo das offshores é usá-las para adquirir imóveis no país.

Depois de manusear centenas de documentos, Ribeiro Jr. observa que Ricardo Sérgio, o pivô das privatizações — que articulou os consórcios usando o dinheiro do BB e do fundo de previdência dos funcionários do banco, a Previ, “no limite da irresponsabilidade” conforme foi gravado no famoso “Grampo do BNDES” — foi o pioneiro nas aventuras caribenhas entre o alto tucanato. Abriu a trilha rumo às offshores e as contas sigilosas da América Central ainda nos anos 1980. Fundou a offshore Andover, que depositaria dinheiro na Westchester, em São Paulo, que também lhe pertenceria…

Ribeiro Jr. promete outras revelações. Uma delas diz respeito a um dos maiores empresários brasileiros, suspeito de pagar propina durante o leilão das estatais, o que sempre desmentiu. Agora, porém, existe evidência, também obtida na conta Beacon Hill, do pagamento da US$ 410 mil por parte da empresa offshore Infinity Trading, pertencente ao empresário, à Franton Interprises, ligada a Ricardo Sérgio.

(1)A dívida de Preciado com o Banco do Brasil foi estimada em US$ 140 milhões, segundo declarou o próprio devedor. Esta quantia foi convertida em reais tendo-se como base a cotação cambial do período de aproximadamente R$ 3,2 por um dólar.

(2)As empresas arrematadas foram a Coelba, da Bahia, a Cosern, do Rio Grande do Norte, e a Celpe, de Pernambuco.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Carta de Sílvio Tendler ao governo israelense

“Srs. que me envergonham:

Judeu identificado com as melhores tradições humanistas de nossa cultura, sinto-me profundamente envergonhado com o que sucessivos governos israelenses vêm fazendo com a paz no Oriente Médio.

As iniciativas contra a paz tomadas pelo governo de Israel vêm tornando cotidianamente a sobrevivência em Israel e na Palestina, cada vez mais insuportável.

Já faz tempo que sinto vergonha das ocupações indecentes praticadas por colonos judeus em território palestino. Que dizer agora do bombardeio do navio com bandeira Turca que leva alimentos para nossos irmãos.

Vergonha, três vezes vergonha!

Proponho que Simon Peres devolva seu prêmio Nobel da Paz, e peça desculpas por tê-lo aceito mesmo depois de ter armado a África do Sul do Apartheid.

Considero o atual governo de Israel e todos seus membros, sem exceção, merecedores por consenso universal do Prêmio Jim Jones por estarem conduzindo todo um país para o suicídio coletivo.

A continuar com essa política genocida nem os bons sobreviverão; e Israel perecerá sob o desprezo de todo o mundo..

O Sr. Lieberman, que trouxe da sua Moldávia natal vasta experiência com pogroms, está firmemente empenhado em aplicá-la contra nossos irmãos palestinos. Este merece só para ele um tribunal de Nuremberg.

Digo tudo isso porque um judeu humanista não pode assistir calado e indiferente ao que está acontecendo no Oriente Médio. Precisamos de força e coragem para, unidos aos bons, lutar pela convivência fraterna entre dois povos irmãos.

Abaixo o fascismo!

Paz já!

Silvio Tendler
Cineasta

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Palpite togado de um golpe improvável

O que significam as palavras da vice-procuradora da República, Sandra Cureau, afirmando que, devido à quantidade de irregularidades, "a candidatura Dilma Rousseff caminha para ter problema já no registro e, se eleita, já na diplomação”?

Gilson Caroni Filho

A temperatura da disputa política, agitada com os recentes programas partidários, traz ao primeiro plano uma movimentação que, dependendo dos desdobramentos, pode ser ridícula ou inquietante: a nova direita, tal como a antiga, parece o homem que, acordado, age como se dormisse, transformando em atos os fragmentos de um longo e agitado sonho no qual ele ainda é o principal ator, com poderes para interromper qualquer possibilidade de avanço institucional.

O sonho-delírio do bloco neoudenista insiste em não aceitar a disputa democrática, reitera a disposição em deixar irresolvidos conflitos fundamentais, antecipando o fracasso de qualquer debate político. Seu ordenamento legal não se propõe a garantir o mesmo direito a todos, ampliando o Judiciário e racionalizando as leis. Deseja uma democracia que só existe no papel, com instituições meramente ornamentais que dão um tom barroco às estruturas de mando.

Inconformada com a derrota que se anuncia em pesquisas de intenção de voto, a classe dominante se esmera em repetir ações que um dia lograram êxito. Tornam-se cada vez mais frequentes as ações combinadas de articulistas de direita e membros do Judiciário. Acreditando que a história permite repetições grotescas, multiplicam-se editoriais, artigos, entrevistas com vice-procuradoras e ministros do TSE que acreditam estar criando condições superestruturais para um golpe contra a candidatura de Dilma Rousseff. Se ainda podemos encontrar pouquíssimos comentários políticos de diferentes matizes, é inegável a homogeneidade discursiva dos “especialistas” em jornalismo panfletário. E eles se repetem à exaustão.

No entanto, o erro de cálculo pode ser surpreendente. Confundir desejo com realidade tem um preço alto quando se pensa em estratégia política. Ao contrário de 1964, não faltam às forças do bloco democrático-popular, o único capaz de impedir de retrocessos, organização e direção. Os movimentos sociais, e esse não é um pequeno detalhe, não mais se organizam a partir do Estado, como meros copartícipes de governos fracos e ambíguos. Estruturados no vigor das bases, acumulando massa crítica desde o regime militar, os segmentos organizados contam, hoje, com experiências suficientemente amadurecidas para deslegitimar ações e intenções golpistas junto a expressivos setores da opinião pública.

Rompendo as alternativas colocadas pelas elites patrimonialistas que apoiam José Serra, as forças progressistas dispõem de plataforma política para não permitir que a democracia brasileira venha a submergir no pseudolegalismo que se afigura em redações e tribunais.

Nesse sentido, o que significam as palavras da vice-procuradora da República, Sandra Cureau, afirmando que, devido à quantidade de irregularidades, "a candidatura Dilma Rousseff caminha para ter problema já no registro e, se eleita, já na diplomação”? Nada mais que identidade doutrinário-ideológica com o que há de mais reacionário no espectro político brasileiro. Inexiste no palpite da doutora Sandra um pensamento jurídico que se comprometa com os anseios democráticos da sociedade brasileira.

Nem que fosse por mera hipótese exploratória, seria interessante que o Judiciário se pronunciasse sobre o conteúdo da informação televisiva, em especial a que é produzida pela TV Globo. Quando uma emissora monopolística, operando por meio de concessão pública, editorializa seu noticiário e direciona a cobertura para favorecer o candidato do PSDB, o que podemos vislumbrar? Desrespeito a uma obrigação constitucional? Abuso de poder político e econômico? Ou um exemplar exercício de “liberdade de imprensa”?

São questões candentes quando, antes de qualquer coisa, o custo da judicialização da vida pública partidariza algumas magistraturas. Sem se deixar intimidar com as pressões togadas, a democracia só avança através de pactos que permitam abrir a sociedade às reivindicações e participação social de setores recém-incluídos. A candidatura de Dilma Rousseff expressa essa possibilidade. Do lado oposto, sob pareceres e editoriais que se confundem tanto no estilo quanto no conteúdo, reside a quimera de um golpismo cada vez menos provável.

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

domingo, 30 de maio de 2010

Polícia Federal recebe acusação contra senador Efraim Morais

Parlamentar do DEM-PB é suspeito de contratar funcionários fantasmas.

Irmãs recebiam R$ 100, mas folha do parlamentar aponta R$ 3,8 mil.

O senador Efraim Morais (DEM-PB) foi denunciado à Polícia Federal por suspeita de contratação de funcionários fantasmas. A acusação, feitas por duas jovens de Brasília, também já chegou à Presidência do Senado. O senador não quis conversar com a reportagem do Jornal Nacional sobre o assunto.

A denúncia foi feita pelas irmãs Kelriany e Kelly Nascimento da Silva. Ambas não tinham emprego fixo, mas recebiam o que acreditavam ser uma bolsa de estudos de R$ 100 que duas amigas teriam conseguido junto à Universidade de Brasília (UnB). Para isso, elas assinaram procurações que iriam para a universidade.

“Ela pediu nossos documentos, autorização para abrir conta no banco e depois ela falou que ia passar o número da conta e o cartão para gente, para podermos estar recebendo esse auxílio. Aí o tempo foi passando, e elas traziam pra gente até em casa a quantia” contou Kelriany.
A descoberta foi feita no mês passado, quando Kelriany conseguiu um emprego e foi ao banco abrir uma conta. Só neste dia a estudante descobriu que ela e a irmã já tinham contas correntes, e estavam empregadas no gabinete do senador Efraim Moraes (DEM-PB). O salário de cada uma das irmã era de R$ 3,8 mil.

“Nunca imaginei que eu poderia ser uma funcionária fantasma. Nunca me passou pela cabeça”, disse Kelly.
Nos documentos que entregaram à Polícia Civil, as irmãs aparecem na relação de funcionários do gabinete do senador. Uma das amigas que pediu a procuração é Mônica da Conceição Bicalho, que trabalha para o senador. O parlamentar não quis conversar com a equipe do Jornal Nacional. Mônica declarou que as duas irmãs prestavam serviço ao gabinete, e que o senador não tinham conhecimento das irregularidades.
Em 2008, ele teve de demitir seus parentes do gabinete devido a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação ao nepotismo. No mesmo ano, surgiram denúncias de que ele estaria envolvido com fraudes nas licitações do Senado para contratação de empresas terceirizadas. O parlamentar acabou inocentado na investigação da Corregedoria da Casa.

Classe emergente festeja progressos

O Estado de S.Paulo
Muitos eleitores de classe média baixa melhoraram de vida nos últimos anos, e associam seus progressos ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No tabuleiro de acarajé do Zé da Chica, perto da praia de Itapuã, em Salvador, quatro integrantes dessa classe emergente se reuniram num fim de tarde para conversar com o Estado sobre a melhora em suas vidas - e as consequências dela nas suas escolhas na eleição presidencial deste ano.


O taxista Luis Estrela, de 34 anos, conta que "afundou em dívidas" entre 1998, no final do primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, e 2003, início do governo Lula. "O poder aquisitivo diminuiu muito", diz, e, com ele, o movimento de passageiros. "Tudo que eu tinha tive que botar na fogueira", recorda Luis. Em 2003, ele devia R$ 30 mil a duas financeiras. "Quando entrou o governo Lula, comecei a respirar." O número de passageiros foi aumentando - ele reconhece que também por causa da violência nos ônibus de Salvador - e os juros dos empréstimos caíram.

Luis reuniu todas as suas dívidas em um banco. "Zerei meu nome nos bancos, cartões de crédito e celular." Comprou um terreno com uma construção por R$ 7 mil à vista e terminou a casa com um empréstimo na Caixa Econômica Federal (CEF) de R$ 17 mil, pelo qual pagou R$ 23 mil, em 24 meses. Equipou a casa com TV de plasma, computador, máquina de lavar, geladeira nova e ar- condicionado. "Coisas que nunca pude ter noutros governos", diz ele. Luis instalou até um DVD player para os passageiros de seu táxi, que é arrendado.

O taxista afirma que ganha entre R$ 4 mil e R$ 4.600 por mês, e paga com facilidade a despesa mensal de R$ 3.500, incluindo o colégio da enteada de 12 anos, o sustento do filho de 1 ano e meio e um plano de saúde. "Graças a Deus, dá para manter uma situação muito boa."

"Para mim, melhorou muito", concorda Cristiane Caetano, de 31 anos, que fez curso técnico de enfermagem e é uma espécie de governanta na casa de duas irmãs de meia-idade. "Consegui financiar minha casa." Cristiane paga prestação de R$ 146 na CEF pelo seu apartamento, que se encaixa bem na sua renda de R$ 800 (salário mínimo de R$ 510 mais diárias de R$ 35, que faz noutras casas).

No dia em que conversou com o Estado, ela tinha colocado anúncio no jornal procurando emprego como enfermeira. "Mando currículo todo dia; nunca me chamaram, talvez por não ter experiência", diz Cristiane, formada há quatro anos em Itapetinga, sua cidade natal, a 562 km de Salvador. Ela não culpa o governo por não ter encontrado vaga em sua área. "Em Itapetinga, todo mundo que fez o meu curso está empregado", diz Cristiane, cuja mãe trabalha como enfermeira em um hospital da cidade. "Lá tem bastante emprego. Trabalhei seis anos na fábrica de sapatos da Azaléia. Meus quatro irmãos também. Mas toda vida quis morar em Salvador." Ela conseguiu seu primeiro emprego em 1999, na época de Fernando Henrique. Não tem opinião sobre o ex-presidente.

O namorado de Cristiane, funcionário da prefeitura de Pojuca, a 67 km de Salvador, não gosta do governo Lula. "Ele é contra o Bolsa-Família", explica Cristiane. "Fala que tem que dar trabalho. Só que muita gente não tem condições de trabalhar." Cristiane cita o caso de uma vizinha de sua família em Itapetinga, largada pelo marido com três filhos pequenos. Com o dinheiro do Bolsa Família, ela abriu uma venda em sua casa, e assim pode trabalhar e ao mesmo tempo cuidar dos filhos.

"Desde a eleição de Lula, facilitou muito", avalia o segurança Arlindo Barbosa da Silva Filho, de 50 anos. "Qualquer pobre tem condições de ter TV, micro-ondas... Antes era mais difícil." Arlindo foi demitido em 2008 de uma grande empresa em Salvador, onde trabalhara 18 anos. Recebeu R$ 46 mil do Fundo de Garantia, indenização e férias e outros R$ 3.800 de seguro-desemprego, em cinco parcelas. Deu R$ 40 mil de entrada num apartamento que vale R$ 120 mil, paga prestação de R$ 400 e cobra aluguel de R$ 500. Juntou o restante com suas economias, investiu quase R$ 20 mil numa casa que já possuía e aumentou o aluguel de R$ 400 para R$ 700.

Além disso, a pensão de sua sogra, cujo marido era ex-combatente da Marinha e funcionário do Correio, deu um salto no governo Lula. Ela recebe R$ 6 mil por mês, que repassa para a filha e o genro. Sua mulher está fazendo curso de publicidade. Como empregado, Arlindo ganhava R$ 700 líquidos. Agora, tira R$ 1.800, somando a renda de aluguéis de R$ 1.200 e os R$ 600 que ganha como motorista autônomo. "Esse governo é bom", resume. "Ficou mais fácil investir e conseguir crédito."

Arlindo tem um carro Vectra financiado em 36 meses, e paga R$ 418 por mês. "Com trabalho honesto, querendo, conseguem-se as coisas." Cristiane completa: "E nome limpo." Ela conta que uma amiga vendedora de produtos Avon comprou um carro. O marido desconfiou e foi averiguar. Explicaram que ela tinha rendimento e nome limpo.

No transcurso do governo Lula, José Antonio dos Santos Vieira, o Zé do Acarajé, de 45 anos, transformou-se em arrendatário e pequeno empresário. Ele abriu seu primeiro ponto de acarajé em Piatã há 16 anos, mas só contratou o primeiro funcionário em 2002. Hoje, tem 10 funcionários, e do ano passado para cá abriu mais dois pontos.

Formado em educação física, Zé do Acarajé é professor da rede estadual. Em 2007, fez empréstimo consignado de R$ 13 mil como servidor estadual no Banco do Brasil e transformou o sobrado em que vivia em sete unidades residenciais, que aluga por R$ 1.700. Paga R$ 380 de prestação. Pegou dinheiro emprestado com sua cunhada, comprou terreno e construiu casa num condomínio na Estrada Velha do Aeroporto. Em sua nova casa, montou uma cozinha industrial. Financiou também a compra de sua picape Saveiro e de um Gol para a filha, que estuda engenharia de produção. Outra faz ciências contábeis. "O governo federal ajudou quando segurou os juros", analisa Zé do Acarajé, que faz último ano de direito. "Se não tivesse essa facilidade de financiamento, eu não teria conseguido fazer o que fiz."

Os entrevistados não gostam de Lula apenas porque melhoraram de vida durante seu governo. "Esse presidente foi o primeiro que teve coragem de mandar prender corruptos, que mostrou os bastidores da política", cita Luis. "Não é que mandou prender, não mandou soltar", assinala Zé do Acarajé. "A Polícia Federal agora está trabalhando", acrescenta Arlindo. "Lula enfrentou os empresários em favor das pessoas de baixa renda. Antes o governo era muito do lado da classe alta. Lula foi o primeiro que olhou para o Nordeste, que era esquecido."

Apesar de estarem satisfeitos com Lula, nem todos definiram em quem vão votar em outubro. "Embora esteja contente com esse governo, ainda tem muito que melhorar, principalmente na educação", diz Zé do Acarajé. "Mesmo gostando de Lula, ainda não escolhi meu candidato", afirma Cristiane. "Não sou ligada em política. Só parei para prestar atenção em Lula porque senti a mudança, que foi um choque mesmo."

"Ainda é cedo para tecer opinião em relação a candidato", declara Arlindo. "Estou em dúvida ainda. Não gosto muito de política. Eu sou Lula. Minha opinião pode mudar até setembro." Luis é bem mais assertivo: "Com o que a gente tinha antes, muda não." Ele já escolheu: "Quero que continue o pessoal de Lula, Dilma. Se continuar como está, já é muita coisa. Não quero que piore. Do jeito que está, está bom demais."

Rodrigo Maia recebia mensalão do DEM, diz Durval Barbosa

O Durval é um traíra.
Fonte: Portal Terra
O ex-secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal e delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa, afirmou que o presidente nacional do partido, o deputado federal Rodrigo Maia (RJ), era um dos beneficiários do esquema de corrupção do ex-governador do DF José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM). Segundo Barbosa, a participação de Maia no esquema é um dos focos da nova fase das investigações do Ministério Público Federal, com as quais colabora através de um acordo de delação premiada. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo. "O acerto do Rodrigo era direto com o Arruda", disse Barbosa. O ex-secretário também apontou o envolvimento do PMDB no esquema de Arruda. O dinheiro, segundo ele, era entregue ao presidente do diretório do partido no DF, o deputado federal Tadeu Filippelli. "Filippelli recebia R$ 1 milhão por mês para o PMDB", afirmou Barbosa. O ex-secretário não deu detalhes sobre os supostos pagamentos ao DEM e ao PMDB, argumentando que o acordo com o MP o impede de falar sobre assuntos relativos à investigação. Questionado sobre o andamento da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, que desencadeou o escândalo, Barbosa afirmou que "mais uns 60 vão ser presos".

SERRA E A COCAÍNA DA BOLÍVIA

José Serra vem insistindo na acusação de que o governo da Bolívia é cúmplice dos narcotraficantes que abastece o mercado de cocaína no Brasil. A insistência tem causado perplexidade a alguns comentaristas de política que acompanham a campanha eleitoral.
Pode até ser paranóia minha, mas por traz desse angu tem caroço. Lembram do caso LUNUS em que a banda (podre?) tucana da polícia federal detonou a candidatura da Roseana Sarney? Já houve o dinheiro de CUBA na campanha do Lula. Pois é bem possível que essa mesma banda da Polícia Federal esteja preparando alguma coisa parecida como: dinheiro da Bolívia para a campanha da Dilma, e a clara vinculação com o narcotráfico. O Serra não tem escrúpulo, é bom o governo, o PT e a Dilma se precaverem contra coisas desse tipo.

Geraldo Galvão