quinta-feira, 15 de julho de 2010

Começa a produção comercial do pré-sal

Operação vai ocorrer no campo de Baleia Franca, no litoral capixaba, que até o fim do ano vai produzir 40 mil barris de óleo por dia
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Plataforma FPSO Capixaba começa a exploração comercial do pré-sal

Nicola Pamplona enviado especial / Vitória – O Estado de S.Paulo

A Petrobrás inicia hoje a primeira produção comercial de petróleo do pré-sal brasileiro, no campo de Baleia Franca, no litoral capixaba. A produção será feita por meio da plataforma FPSO Capixaba, que até o fim do ano produzirá, no pré-sal, 40 mil barris por dia. O projeto faz parte de um programa de investimentos que deve elevar a produção capixaba a 400 mil barris de petróleo por dia em 2015, duplicando o volume atual.
Desse total, 60% virão de campos do pós-sal e o restante, do pré-sal, explicou o gerente executivo da unidade de operações da Petrobrás no Espírito Santo, Robério Silva. O Estado tem outros dois polos de produção, um em terra, na divisa com a Bahia, e outro no litoral norte, onde estão os campos de Golfinho e Camarupim. Silva diz que a empresa tem esperança de encontrar reservas abaixo do sal no litoral norte, que hoje está fora da área delimitada pelo governo como pré-sal.
O campo de Baleia Franca está oficialmente na Bacia de Campos, mas em frente ao litoral capixaba, e faz parte da província petrolífera batizada de Parque das Baleias. Foi lá que a Petrobrás iniciou os testes de produção do pré-sal, por meio da plataforma P-34, no campo de Jubarte. A operação, no entanto, é encarada como um teste pela Petrobrás. “A P-57 é o primeiro projeto de produção do pré-sal em escala comercial no País, já desenhado a partir dos testes de produção anteriores”, comentou Silva.
A FPSO Capixaba receberá ainda poços do campo de Cachalote, na mesma região, que tem reservas entre 1,5 bilhão e 2 bilhões de barris no pré-sal. A unidade deve atingir sua capacidade máxima de 100 mil barris por dia ainda este ano. Metade da produção virá de reservatórios abaixo da camada de sal. O gás será escoado para unidade de tratamento no município de Anchieta.
O Parque das Baleias recebe ainda este ano a plataforma P-57, em obras no estaleiro Brasfels, de Angra dos Reis. Com capacidade de 180 mil barris por dia, a unidade vai produzir apenas óleo do pós-sal. A província receberá ainda as plataformas Cidade de Anchieta, no campo de Baleia Azul, em 2012, e P-58, na porção norte da província, em 2014. A plataforma P-34, que está hoje em Jubarte, será deslocada em 2015 para produzir óleo do pós-sal de Baleia Azul.
O Parque das Baleias fica no extremo norte da região delimitada pelo governo como área do pré-sal, que vai de Santa Catarina ao litoral sul capixaba. Ao lado da concessão, estão descobertas do pré-sal da Shell, em província conhecida como Parque das Conchas, e da americana Anadarko, conhecida como Wahoo. Silva disse que a estatal ainda não perfurou poços de pré-sal mais ao norte, já na Bacia do Espírito Santo, mas pretende fazê-lo para testar a existência de pré-sal.
GÁS. O gerente da Petrobrás para o Espírito Santo informou que a empresa vem retomando a produção de gás no Estado, que ficou em marcha lenta por causa da baixa demanda pelo combustível após a crise econômica.
Hoje, a produção está em torno de 5 milhões de metros cúbicos por dia, parte desse volume exportada para o Nordeste por meio do Gasoduto Sudeste Nordeste, inaugurado este ano. A companhia fez nova descoberta de gás no norte do Estado, próxima ao campo de Camarupim Norte, em área onde tem parceria com a americana Unocal.


Desenvolvimento é mais veloz no ES que na Bacia de Santos

Ritmo tem relação com ‘facilidades’ encontradas no Estado, onde o pré-sal é menos profundo e mais próximo do continente

Nicola Pamplona – O Estado de S.Paulo

A velocidade no desenvolvimento das reservas do pré-sal no Espírito Santo, maior do que a verificada no polo de Tupi, na Bacia de Santos, tem relação com as facilidades encontradas no litoral capixaba, na comparação com a região onde estão as maiores reservas brasileiras de petróleo.
O pré-sal do Espírito Santo está mais próximo do continente (a cerca de 80 quilômetros, contra os mais de 300 quilômetros de Tupi) e fica a profundidades menores (1,5 mil metros, contra mais de 2 mil metros). Além disso, a camada de sal no Parque das Baleias tem espessura média de 200 metros, dez vezes menor do que a de Tupi, o que facilita as perfurações no local.
Outra vantagem, lembrou o gerente executivo da unidade de operações da Petrobrás para o Espírito Santo, Robério Silva, é o menor teor de gás carbônico no pré-sal capixaba. O teor de gás carbônico está em torno dos 5%, contra 12% a 20% em Tupi. A alta quantidade do gás tóxico na Bacia de Santos obrigará a empresa a perfurar poços para reinjetar o gás nos reservatórios.
Foi no Espírito Santo o primeiro teste de longa duração do pré-sal brasileiro, no campo de Jubarte, iniciado em setembro de 2006. O teste de Tupi, por sua vez, foi iniciado em maio de 2009. A região produtora da Bacia de Santos receberá sua primeira produção comercial em dezembro, por meio da plataforma-piloto de Tupi, com capacidade para 100 mil barris por dia.
De todo modo, o pré-sal do Parque das Baleias vai produzir algo em torno de 160 mil barris de petróleo por dia em 2014. Já na Bacia de Santos, segundo o planejamento estratégico da Petrobrás, o pré-sal terá capacidade instalada de 340 mil barris por dia, além dos testes de longa duração previstos para as descobertas da região.

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